Imputar
saudosismo de ditadura a Gentili é assombrosa aleivosia
Em
atitude abusiva, covarde e persecutória, o presidente da Câmara e sua turma
acionaram o STF com um pedido de prisão em flagrante contra o humorista Danilo
Gentili. O motivo da estapafúrdia peça jurídica, enviada pelo ministro
Alexandre de Moraes para apreciação da PGR, foi uma postagem de Twitter na qual
o apresentador vale-se de expressão hiperbólica para tecer sua crítica aos
deputados que apoiavam aquela que ficou conhecida como "PEC da
impunidade."
Augusto Aras se manifestou junto ao STF dizendo não existir, "por ora", motivos para a prisão, mas propôs incluí-lo no inquérito dos atos antidemocráticos e recomendou seu banimento do Twitter. Outras medidas de cerceamento contra as liberdades de Gentili foram propostas, como a proibição de sair da cidade onde vive ou se aproximar a menos de um quilômetro da Câmara.
A
Câmara justificou seu arroubo autoritário com a necessidade de "tolher a
seiva autoritária" dos "saudosistas da nossa assombrosa experiência
ditatorial". Ora, imputar saudosismo de ditadura a Gentili é assombrosa
aleivosia. A mensagem que motivou tal empenho retaliatório quis antes atacar a
trama autoritária dirigida pela Mesa da Câmara, que, com urgência oportunista,
tentou fazer passar a indecorosa PEC que tornava os parlamentares praticamente
inimputáveis.
O
comediante já foi às redes sociais para se justificar e dizer que sempre
defendeu as instituições democráticas. O que, apesar de suas ácidas críticas
disparadas a torto e a direito, é substancialmente verdade. O humor de Danilo é
fundamentalmente antiautoritário.
A
frase que gerou a celeuma é inconveniente, merecendo um pito. Que por causa
dela tenha a Câmara pedido a prisão do autor e que a PGR queira que um
humorista seja censurado e banido das redes sociais é uma piada que nem o
talentoso Danilo faria igual. Entretanto, é preciso que os cidadãos fiquem
alertas para não permitir que tal piada se transforme em jurisprudência.
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