Em
1964, o Brasil ficou impossível para Celso Furtado ---que os outros países,
agradecidos, acolheram
Um
mês e meio depois do golpe militar de 1º de abril de 1964, o economista
Celso Furtado teve de deixar o Brasil. Seu nome estava na primeira
leva de brasileiros com os direitos políticos e civis cassados. De uma lista
aberta pelo presidente deposto João Goulart e pelo deputado Leonel Brizola,
Celso era já o 26º. Entre os motivos para isto estavam sua passagem pela Cepal
(Comissão Econômica para a América Latina), a criação e presidência da Sudene
(Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) e ter sido o primeiro
ministro do Planejamento do país. No Brasil dos generais, o ex-pracinha Celso
Furtado não podia ser deixado à solta. Estava com 43 anos.
Seu primeiro destino foi Santiago do Chile. Mas não passou muito tempo por lá. Tinha convites de três universidades americanas para lecionar economia: Harvard, Columbia e Yale. Escolheu Yale, onde ficou de setembro daquele ano a junho de 1965, e só saiu porque o governo brasileiro pressionou a congregação para não renovar seu contrato. Foi para Paris, contratado pela pós-graduação da Sorbonne, em ato assinado pelo presidente De Gaulle, para ensinar economia do desenvolvimento. Somente em 1968 teve 15 convites para ser paraninfo de turma.
Os militares o condenaram a levar seu conhecimento a plateias alheias ao seu coração. O que o Brasil dispensou, o mundo, agradecido, acolheu. Nosso destino é a estupidez —vide hoje.
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