Bolsonaro investiu contra a vida liderando a maior política de destruição ambiental do Brasil moderno. E investiu de novo contra a vida negando a pandemia do coronavírus.
A
vida começa agora a cobrar de forma combinada os crimes de Bolsonaro. Numa só
semana, convergiram a Cúpula de Líderes sobre o Clima e a CPI da Covid, eventos
que lembram a Bolsonaro que sua própria vida ficará para sempre marcada por seu
desprezo à vida das florestas e dos bichos e pelo sacrifício humano envolto na
tese da imunização de rebanho.
Por
mais que psicólogos mergulhem no labirinto da mente de Bolsonaro, nenhuma
explicação atenua o dado objetivo de tantas árvores derrubadas, tantos animais
carbonizados, tantas pessoas mortas pelo coronavírus.
A
economia explica apenas parcialmente. Bolsonaro acha que é preciso tirar todos
os recursos da natureza, independentemente do rastro de destruição. Da mesma
forma, ele acha que a economia precisa funcionar, independentemente das pessoas
que o vírus consome.
A verdade é que Bolsonaro não se importa tanto com a economia, não estuda o tema e, ao se eleger, designou um ministro para responder a todas as perguntas, a quem chamou de Posto Ipiranga. O que move o presidente não chega a ser, portanto, nem uma teoria econômica, por mais grosseira e obsoleta que possa parecer.
Tanto
na destruição das florestas como na tragédia humana diante do vírus, o que move
Bolsonaro é sua vontade de permanecer no poder.
A
floresta interessa na medida em que garanta os votos dos seus predadores; as
pessoas podem morrer para que uma suposta normalidade econômica garanta a
reeleição.
É
muito conhecida a literatura sobre essa obsessão com o poder, a necessidade de
respeito e até admiração que os poderosos obtêm quando se revestem dessa
condição que lhes parece mágica.
Mas
o caso de Bolsonaro é singular. Existe uma coerência em todas as suas escolhas.
A morte é a grande aliada desde a opção destrutiva no ambiente e na pandemia,
passando pela difusão das armas, chegando até a detalhes como suprimir multas
de quem se descuida da cadeirinha do bebê no carro.
Essa
aliança com a morte pode ser também o resultado de uma grande frustração com a
própria vida. Mas, de novo, deixo isso aos psicólogos ou àqueles que preferem
combater Bolsonaro no plano da sanidade mental.
Por
meio de grandes episódios como a Cúpula do Clima e a CPI da Covid, entretanto,
é possível compreender o antagonismo de Bolsonaro com todos todos os tipos de
vida no planeta.
E
refletir sobre isso. Não importa a Bolsonaro se o país se tornar um deserto,
muito menos se os que ele considera mais fracos forem tombando pelo caminho.
Nunca
na história moderna do país a indiferença diante da realidade política poderá
ter consequências tão devastadoras para nosso futuro.
A
Cúpula do Clima serve para mostrar a importância da luta da Humanidade para a
sobrevivência das novas gerações e a contradição de Bolsonaro com essa
gigantesca reação vital.
Ali,
ele apenas mentiu, supondo que possa enganar o mundo. Seu objetivo sempre foi
desmontar a fiscalização, acabar com a “indústria da multa”, liberar o garimpo
e enfraquecer os povos indígenas.
A
CPI da Covid servirá para revelar aquilo que muitos de nós já sabemos. Mas pode
fazê-lo de uma forma séria e pedagógica para que todos compreendam a
responsabilidade de Bolsonaro.
Essas
duas vertentes, a ambiental e a sanitária, sempre estiveram aí enquanto, de uma
certa maneira, Bolsonaro gritava “Viva la muerte”, como o oficial do Exército
de Franco.
É estranho que esse grito tenha dominado um país mundialmente conhecido pela vitalidade. Imperdoável, no entanto, que ele possa ecoar em 22, o prazo final para o encerramento dessa fúnebre passagem da História do Brasil.
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