Ações
ajudam a recuperar a confiança e retomar a união entre os brasileiros
Desde
a redemocratização, nenhum período foi tão turbulento quanto o atual. Nos
últimos oito anos, o Brasil enfrentou três grandes recessões, ficou mais pobre,
mais frágil e mais vulnerável. Vivemos em um país estressado por ódios e ações
sectárias, que conduzem à paralisia administrativa, impotência, atrasos e falta
de soluções na gestão pública federal. Nesse ambiente contaminado, o que é
preciso para encerrar a espiral de conflitos e erros e encontrar um caminho
equilibrado e correto para o país?
Antes de qualquer outro passo, a prioridade é superar a pandemia. Mas, no Brasil, a postura negacionista do governo federal aprofundou divergências. Temos hoje uma clara separação entre os que defendem a saúde e a vida e os que propagam ilusões. Em São Paulo, a defesa da vida colocou empresários, trabalhadores, governo, universidades e sociedade civil na mesma mesa.
Cito
dois exemplos significativos. Primeiro, a construção da nova
fábrica do Butantan,
destinada à produção nacional da Coronavac. Ela foi viabilizada por doações
de 36 empresas, que investiram R$ 182 milhões. Estará pronta em setembro e
iniciará a produção em dezembro, completando o ciclo de transferência de
tecnologia com o laboratório Sinovac, de Pequim. A oferta de vacinas pelo
Butantan ajudou a colocar os brasileiros como o povo com maior desejo
de se vacinar. Pesquisa realizada em 15 países revelou que a intenção de se
vacinar contra a Covid-19, aqui no Brasil, subiu de 65%, em dezembro, para 89%
em março.
O
segundo exemplo é a campanha
Vacina Contra a Fome. Em apenas cinco dias, ela arrecadou 2.300 toneladas
de alimentos não perecíveis em 448 cidades de São Paulo. É um movimento
voluntário, que propõe a doação de 1 kg de alimento, como arroz, feijão,
macarrão e açúcar, nos postos de saúde, no dia em que você for receber a sua
vacina. Ninguém é obrigado a levar alimento. A vacina estará lá, disponível e
gratuita, com ou sem doação. Em poucos dias tivemos a adesão de 70% dos
municípios paulistas. As entidades assistenciais ligadas às prefeituras
distribuem as doações à população vulnerável.
Numa
outra frente, enviamos à Assembleia Legislativa de São Paulo o projeto de lei
que cria o Bolsa
do Povo, uma solução unificando e ampliando os programas sociais de São
Paulo. O Bolsa do Povo exige, como contrapartida, trabalho ou estudo, o que
valoriza ainda mais os beneficiários. Esperamos atender 500 mil pessoas, direta
e indiretamente, com investimento superior a R$ 1 bilhão.
Temos
resumido esses programas na frase “Vacina no braço, comida no prato”. São ações
urgentes que ajudam a recuperar a confiança e retomar a união entre os
brasileiros. Nossa experiência em torno de projetos aglutinadores vem desde o
início do governo, em janeiro de 2019. Foi com parcerias que lançamos a despoluição
do Rio Pinheiros, que estará limpo e despoluído até dezembro de 2022. E
também o novo Museu do Ipiranga, que estará pronto para o Bicentenário da
Independência, em setembro do próximo ano.
Saúde,
emprego, combate à pobreza, meio ambiente, educação e cultura são áreas em que
a causa se sobrepõe ao extremismo e ao populismo. Diálogo e transparência nos
ajudam a levar adiante projetos ousados, como as PPPs (Parcerias
Público-Privadas) e concessões na infraestrutura. Fortalecer o Estado, onde ele
é essencial. E estimular a iniciativa privada, onde ela produz melhor. A
economia de São Paulo obteve avanço
de 0,4% em 2020, enquanto o Brasil recuou 4,1% no seu PIB.
As principais lideranças do país precisam substituir a gritaria pelo diálogo, o ódio pelo trabalho, o populismo pela realização. Esses são os valores da minha trajetória pessoal. Sou filho de um deputado federal cassado pela ditadura militar e, ainda criança, estive com meu pai no exílio. O sofrimento familiar me ensinou a sempre valorizar a democracia e a tolerância. Comecei a trabalhar aos 13 anos para ajudar a minha mãe. Estudei em escola pública e sofri dificuldades. Mas nunca alimentei ódios, nem rancores. Sei que o Brasil encontrará o caminho da união e da paz, para resgatar a confiança e a esperança.
*Governador
de São Paulo (PSDB), ex-prefeito de São Paulo (jan.2017 a abr.2018) e
empresário
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