General,
ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello mentiu para se defender, mentiu para
defender Bolsonaro, e hoje continuará mentindo
Missão
dada ao general da ativa Eduardo
Pazuello, missão cumprida. Quando nada porque, segundo ele, manda quem
pode, obedece quem tem juízo. Obrigado a depor na CPI da
Covid-19, ele cumpriu a missão que lhe deram de blindar o presidente Jair
Bolsonaro – afinal, quem manda em todos que o servem é o presidente, e
Pazuello, ajuizado, sempre respondeu “sim, senhor”.
Pazuello
entrou no Congresso para mentir a seu favor e a favor do presidente, e saiu de lá mentindo ao negar que tivesse passado mal,
tamanho foi o esforço de disfarçar o nervosismo por mais de cinco horas. Foi
como se tivesse esquecido de desativar o modo mentira. “Não passei mal. Não aconteceu nada. Amanhã o
depoimento continua”, disse aos jornalistas ao despedir-se.
O general é um homem frágil. Não aguenta pressão. E a mentira cobrou seu preço. Alertado por um assessor da CPI, o médico e senador Otto Alencar (PDS-BA) encontrou Pazuello sentado em um sofá, com os pés no chão e muito pálido. Deitou-o e, em seguida, o pôs na Posição de Trendelenburg, onde a parte superior do dorso é abaixada e os membros inferiores elevados.
Com
isso, o sangue corre mais depressa em direção ao cérebro, o que previne outros
tipos de males súbitos e facilita a recuperação do paciente. Deu certo.
Pazuello recuperou-se e saiu amparado por agentes de segurança. Dispensou o
amparo ao cair no radar dos jornalistas. A imagem do general abatido pegaria
mal para ele. O que não seria escrito a seu respeito?
Das
mentiras apregoadas por ele, essa foi a menor. Pazuello mentiu quando disse: “Eu tomei conhecimento do risco [de falta de
oxigênio] de Manaus no dia 10 [de janeiro de 2021] à noite, em uma reunião com
o governador do Amazonas e o secretário de Saúde”. O governo
federal foi avisado no dia 8 que o sistema de saúde de Manaus estava perto de
colapsar com a falta de oxigênio.
Mentiu
quando disse que o Supremo Tribunal Federal limitou a atuação do governo
federal nas ações estratégicas contra a pandemia da Covid-19. De fato, em três
ações distintas, o tribunal decidiu apenas que a União não poderia interferir
em medidas adotadas por governadores e prefeitos no combate à pandemia. Se
dependesse da União, sócia do vírus, não haveria nenhuma.
Mentiu
quando disse que não foi desautorizado por Bolsonaro depois de anunciar que a
Coronavac seria “a vacina do Brasil”. No dia seguinte ao anúncio, Bolsonaro
afirmou que não compraria “essa vacina” porque o presidente era ele, e dele é a
caneta cheia de tinta usada para assinar decretos. Na ocasião, Pazuello,
sorridente, comentou: “Manda
quem pode, obedece quem tem juízo”.
Mentiu
quando disse desconhecer quem ordenou o aumento da produção da cloroquina no
país. Foi Bolsonaro quem ordenou, e isso é público e notório. Ordenou às Forças
Armadas, e por meio do Ministério da Saúde, à Fundação Oswaldo Cruz. O
ex-ministro Henrique Mandetta foi demitido por ser contra. E o ex-ministro
Nelson Teich demitiu-se pela mesma razão.
Foi
no que deu a recusa do senador Omar Aziz (PDS-AM), presidente da CPI, em
prender por mentir o ex-Secretário de Comunicação Social do governo, Fabio
Wajngarten. Embora se queixe das mentiras que escuta, Aziz liberou geral para
que mintam. E Pazuello sentiu-se à vontade para mentir. Foi treinado – e bem
treinado – para isso. Hoje, seguirá mentindo.
Operação
contra ministro do Meio Ambiente tem dedo americano
Autoridades
dos EUA barraram a entrada de madeira contrabandeada do Brasil e assim
deflagraram a operação policial que atingiu Salles
Qual
ministro do governo Bolsonaro poderá bater no peito com orgulho e proclamar que
foi alvo de uma operação da Polícia Federal deflagrada com a ajuda de autoridades
norte-americanas?
Não
é para qualquer um, mas o ministro Ricardo
Salles, do Meio Ambiente, poderá dizer. Essas coisas têm lá os seus
aborrecimentos, mas nada que lhe custe o emprego.
Bolsonaro
gosta dele. Bolsonaro gosta de todos que obedecem às suas ordens. E é somente
isso o que faz Salles. Uma vez que captou o que o presidente quer, adianta-se a
todos os seus desejos.
Salles
está entre os investigados pela Polícia Federal por envolvimento num “grave esquema de facilitação ao contrabando de produtos
florestais” para os Estados Unidos e outros países.
Nunca
antes na história um ministro do Meio Ambiente brasileiro foi investigado por
supostas violações à natureza. Endereços de Salles em Brasília e São Paulo
foram vasculhados pela polícia.
Quem
autorizou foi o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, uma
vez que Salles, por ser ministro de Estado, tem direito a foro privilegiado.
Moraes mandou quebrar o sigilo bancário e fiscal de Salles e de
outros investigados, e suspendeu uma portaria dele que permitia a
exportação de produtos florestais sem a emissão de autorizações.
No
despacho de Moraes, consta:
A
situação que se apresenta é de grave esquema criminoso de caráter
transnacional. A empreitada criminosa não apenas realiza o patrocínio do
interesse privado de madeireiros e exportadores em prejuízo do interesse
público, mas cria sérios obstáculos à ação fiscalizatória do poder público no
trato das questões ambientais com inegáveis prejuízos a toda a sociedade.
As
investigações da Polícia começaram em janeiro último, quando autoridades
norte-americanas recusaram a entrada de madeira no país com base nas regras de
exportação criadas por Salles.
É
comum que ministro do Supremo ouça a Procuradoria-Geral da República antes de autorizar uma operação
policial contra um ministro de Estado. Moraes não ouviu. E por quê?
Porque
temeu que Augusto Aras, o Procurador-Geral da República, vazasse a informação
para Salles e Bolsonaro. Aras está de olho em uma vaga de ministro do Supremo.
Sabe como é…
Sem amparo em fatos, o presidente diz e repete que não há e nunca houve corrupção no seu governo. E que por isso ele pôs fim à Operação Lava-Jato. Está aí Salles para desmenti-lo.
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