segunda-feira, 12 de julho de 2021

Ricardo Noblat - Bolsonaro ouve conselhos, mas não garante segui-los

Blog do Noblat / Metrópoles

Você acredita que o presidente conseguirá se reinventar? Ou continuará o que é até o fim do seu mandato?

Quantas vezes você não ouviu ou leu que o presidente Jair Bolsonaro, depois de mais uma diarreia verborrágica, agora refluiria para nunca mais atacar adversários e instituições da República como o Congresso e a Justiça? Devem ter sido muitas.

Pois auxiliares de Bolsonaro afirmam ter ouvido que ele assim procederá doravante. Bolsonaro admite que se excedeu ao chamar senadores da CPI da Covid-19 de bandidos, atacar ministros do Supremo Tribunal Federal e usar a expressão “caguei”.

Sua situação vai de mal a pior a estarem certas todas as pesquisas de intenção de voto aplicadas de janeiro para cá. Ela só se agrava desde que a CPI foi instalada e, quanto a isso, não haverá muito que fazer. O prazo para que a CPI chegue ao fim será prorrogado.

A batalha da opinião pública já foi perdida. Por larga maioria, os brasileiros acreditam que houve corrupção na compra de vacinas para combater o coronavírus, e que Bolsonaro sabia disso. Mais provas por vir deverão incriminá-lo. Fazer o quê?

Mas mesmo sem saber o que fazer, menos mal seria não sair por aí dando tiros no que lhe assombra. Há que cuidar, e desde logo, da montagem de uma força tarefa de elevado saber jurídico para rebater as acusações que lhe fazem e que serão feitas.

No campo político, infelizmente para alguns desses auxiliares, mas não para os mais levados em conta por Bolsonaro, há que adensar relações com o Centrão, ainda aliado do governo. Adensar significa: dar o que ele lhe pede para que não o largue de mão.

Nada de jogar todas as suas fichas no apoio irrestrito das Forças Armadas confiando cegamente na fidelidade dos seus atuais comandantes. Na hora do vamos ver, eles sempre ficarão com a farda e os seus superiores – e entre eles não se inclui golpe.

Sim e dar uma sacudida forte no governo com a abertura de novas frentes de trabalho e a revitalização de algumas consideradas natimortas. Isso passaria naturalmente por uma ampla reforma ministerial para dar a impressão de que haverá um recomeço.

O almoço que Bolsonaro ofereceu, ontem, a ministros no Palácio da Alvorada serviu para que muitas dessas ideias circulassem. Ele as escutou sem revidar e concordou com algumas. Você acha que Bolsonaro será capaz de se reinventar

Fux está menor do que a cadeira que ocupa de presidente do STF

Em resposta às ofensas de Bolsonaro, Fux promete buscar diálogo institucional com os demais Poderes

Generaliza-se no Supremo Tribunal Federal a impressão de que sobra espaço na cadeira de presidente, ora ocupada pelo ministro Luiz Fux. Ele já não foi bem na tentativa de livrar o ex-juiz Sérgio Moro da suspeita de ter sido parcial na condução dos processos contra o ex-presidente Lula.

E agora estaria se saindo pior no enfrentamento das ofensas feitas ao tribunal e a alguns dos seus ministros pelo presidente Jair Bolsonaro. A propósito de algumas dessas ofensas, Fux limitou-se a soltar uma nota oficial anódina que sequer citou o nome do ofensor; uma nota que traiu seu medo não se sabe do quê.

À falta de uma reação que participasse de Fux, Bolsonaro voltou a avançar o sinal no fim de semana, elegendo o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, como seu alvo de estimação. Fux, desta vez, recolheu-se ao silêncio. Barroso está convencido de que ele não o defenderá à altura.

Dois auxiliares de Fux subscreveram nota de solidariedade a Barroso assinada por professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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