Foi quase uma ousadia a organização do seminário em tempos de redes sociais. A nova cultura social e política instalada com a revolução da internet e suas redes leva as pessoas a se expressarem em 280 toques do Twitter ou em gravações de 30 segundos no Youtube, Facebook, TikTok ou Instagram e implica em imensa dificuldade para a discussão de temas complexos de forma profunda, exigindo formulação qualificada de diagnósticos e alternativas.
Foram nove mesas temáticas de altíssimo
nível que contaram com palestrantes como Roberto Brant, Ricardo Paes e Barros,
Raul Jungmann, Sérgio Besserman, Milton Seligman, Luiz Santini, Marta Suplicy e
Rubens Barbosa, e debatedores do mesmo quilate como Zeina Latif, José Roberto
Afonso, Bernardo Appy, Ricardo Henriques, Cristovam Buarque, José Carlos
Carvalho, André Medici, Januário Montone, Luiz Mott, Marcos Caramuru, William
Wack, Aloísio Nunes, Mandetta, entre outros.
Num país historicamente marcado pela
discussão em torno de líderes carismáticos, personagens individuais, predicados
e atributos pessoais dos que disputam o poder, debater ideias não é nada fácil.
E ficou cristalino que a construção de uma
alternativa do polo democrático não é mero capricho político ou manifestação de
idiossincrasias pessoais contra outros candidatos, mas o preenchimento
necessário de um espaço que encontra eco na sociedade.
Na política, uma alternativa que não namore
com aventuras autoritárias, golpes, controles da imprensa, elogios a ditaduras
ou ameaça às instituições. Na economia, uma posição que encontre um equilíbrio
entre a visão ingênua de deixar tudo com o mercado, mas que também calibre
corretamente o papel do Estado, os estímulos ao crescimento econômico e à
distribuição de renda sem comprometer a responsabilidade fiscal. Na educação,
uma proposta que se contraponha a ideologização da escola, mas também supere o
corporativismo, promovendo a qualidade, a avaliação e novas formas de
organização da política educacional. Na saúde, a modernização do SUS e a
construção de parcerias para bem atender a população.
Na segurança, nem a lógica da violência
estatal desmedida, onde “bandido bom é bandido morto” e “vamos armar a
população”, mas que não se perca na defesa vazia de teses que fragilizam o
combate ao crime organizado. No meio ambiente, a superação da armadilha da
contraposição mecânica entre crescimento econômico e defesa ambiental,
construindo uma visão moderna e contemporânea de desenvolvimento sustentável. Também
uma postura que seja eficiente no combate às desigualdades e à discriminação às
mulheres, aos negros, à comunidade LGBT+ e religiosa. Nas relações externas,
nem o alinhamento ideológico às “teses trumpistas” e nem um terceiro-mundismo
fora de época.
Como se vê, uma terceira via, é muito mais
que um desejo, é uma necessidade histórica.
*Presidente do Conselho Curador ITV – Instituto Teotônio Vilela (PSDB)
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