Folha de S. Paulo
Há gente prevendo que o presidente será
preso em 2022
Dentro de algumas horas, a televisão
começará a nos bombardear com a manchete: "Já é 2022 na Austrália!".
E tome de fogos naquela ponte. A Austrália está 12 horas à nossa frente, donde
tudo lá acontece primeiro, e não apenas arremesso de bumerangue e corrida de
canguru. A tal ponto que, quando uma coisa está para acontecer aqui, dizemos
que na Austrália ela já aconteceu.
Há gente prevendo, por exemplo, que Jair
Bolsonaro será preso em 2022. Pois, quando acontecer, ele já
terá sido preso na Austrália 12 horas antes.
Eu sei, isso é nonsense, mas não impede que
tal pensamento nos ajude a virar o ano. A ideia de Bolsonaro atrás das grades,
de uniforme listrado, rosnando para as paredes e com um buraco na cela como
privada é deliciosa demais para ser posta de lado. Parodiando Nelson Rodrigues,
o ideal seria amarrá-lo a um pé de mesa e dar-lhe de beber numa cuia de queijo
Palmyra. E, tendo para se distrair, só os programas da Jovem Pan e do SBT. Seu
advogado particular, o ex-procurador-geral da República Augusto Aras, tentaria
livrá-lo —mas sem se esforçar muito, porque, caroneado para o STF, Aras no
fundo quer que Bolsonaro se dane.
Um amigo me pergunta se a prisão será suficiente. E desfia a obsessão de
Bolsonaro pela morte —a morte alheia. Bolsonaro defendeu a tortura, pregou a
execução de adversários políticos e está armando policiais e civis para uma
guerra civil. Na pandemia, ficou com o vírus e contra a ciência, nunca visitou
um hospital, debochou dos agonizantes e chamou de mimimi a dor das famílias
enlutadas. Outro dia, disse que a morte de uma criança não justifica uma
emergência. E, neste momento, é um pândego em férias enquanto milhares de
brasileiros estão morrendo ou perdendo tudo com a chuva.
Para esse meu amigo, Bolsonaro, pelo que já fez e ainda fará, merecia a pena de
morte. Discordei, claro. A guilhotina, a forca e a cadeira elétrica punem
rápido demais.
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