O Estado de S. Paulo.
Desesperados pelo fim de 2021 e apavorados com o começo de 2022
Estamos todos desesperados para 2021
acabar, mas morrendo de medo que 2022 comece, com tantas incertezas, fome,
pobreza, desemprego, inflação, inundações e calamidades, gripe H1N1 e H2N3,
variantes Delta e Ômicron da covid-19 e uma campanha eleitoral sangrenta, em
que não interessa discutir o País, só destruir o adversário.
O Brasil vive um apagão de dados numa área literalmente vital, durante uma pandemia de destino incerto. Impossível cuidar da saúde pública sem dados, voando no escuro. Pior: sem piloto. Pior ainda: com um piloto cabeça dura, que desdenha da ciência, da medicina, das estatísticas..., da saúde.
O mundo chegou ao último dia de 2021 com um
milhão de contaminados pela Ômicron a cada 24 horas, mas os brasileiros estão
desorientados, sem saber como reagir diante de sintomas como dor de cabeça,
garganta arranhando, coriza e eventualmente febre, que podem ser de gripe
comum, dengue, as perigosas H1N1 e H2N3 ou... covid.
Sem informação, orientação e dados oficiais
confiáveis, o que fazer? Por sorte, os sintomas são leves, porque a grande
maioria da população apoia as vacinas e 67% estão totalmente imunizados. Apesar
de Bolsonaro, ou contra a vontade dele, o governo foi obrigado a adquirir
vacinas e as pessoas puderam alegremente se imunizar.
A pandemia, porém, não acabou. E, em vez de
explicar o que está ocorrendo e orientar a população, o ministro da Saúde,
Marcelo Queiroga, está ocupadíssimo em dificultar, protelar e fazer campanha,
agora, contra a vacinação de crianças de 5 a 11 anos aprovada pela Anvisa e em
mais de 40 países.
Há semanas o País convive com queda e
depois instabilidade do sistema de dados da Saúde, após um suposto ataque
hacker até agora sem explicação, sem suspeitos e sem detalhes sequer do tamanho
do estrago. Tudo fica confuso, com as várias viroses emboladas, sintomas
semelhantes, ausência de governo e falta de informação.
Em junho de 2020, Estadão, O Globo, Extra,
Folha, G1 e UOL se uniram para monitorar e divulgar o número de mortes e
contágios da covid, quando o general Pazuello assumiu a Saúde, mudou a
metodologia e os horários de consolidação dos dados e cancelou as tabelas com a
evolução da doença. “Acabou matéria no Jornal Nacional (da Rede Globo)”,
comemorou Bolsonaro, confirmando o objetivo: esconder a realidade da população.
Esse premiado consórcio de imprensa, de
alta utilidade pública, talvez tenha de ampliar muito o leque de monitoramento
e fiscalização. O governo, como já cansou de demonstrar, não é confiável. Viva
a vacina, a saúde, a vida! E que em 2022 haja luz no fim do túnel!
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