Folha de S. Paulo
Novas hospitalizações vão a 400 por dia; já
foram 3.000, mas é preciso vacinar crianças
Mais gente voltou a ser internada em UTIs
de Covid no estado de São Paulo. O
aumento parece agora inequívoco e da ordem de 50% desde 10 de dezembro. É
preciso dizer desde já que esses "50%" não são alarmantes como teriam
sido em momentos mais terríveis da doença. Ainda assim, é preciso tomar medidas
como a vacinação de 20 milhões de crianças, logo, o que Jair
Herodes Bolsonaro quer atrapalhar.
Pelo menos por enquanto, não é assim tão
alarmante. Trata-se de um crescimento de cerca de 270 novas internações em UTI
por dia para algo perto de 400. O estado já teve 3.000 novas internações por
dia em fins de março, pico do horror.
Mas parece haver pelo menos um repique da doença, a partir de patamar menor. Os dados de internados em UTIs da cidade de São Paulo seguem mais ou menos a mesma tendência.
A ideia aqui não é causar alarmismo. Mas
notar pelo menos que: 1) Houve algum repique; 2) Acaba de começar a temporada
de viagens de férias, de festas e aglomerações; 3) A ômicron
chegou, embora não saibamos quanto estrago a variante causa, em geral,
menos ainda especificamente na situação brasileira; 4) Não sabemos bem o que se
passa, pois desde o dia 11 de dezembro não há registro de mortes e casos de São
Paulo.
"Não houve atualizações das
informações de casos e óbitos entre os dias 11 e 22 de dezembro em virtude
de problemas
no sistema federal de notificação de dados da Covid-19", diz o boletim
oficial do governo do estado de São Paulo.
No Reino Unido,
ômicron se tornou dominante (causa a maioria dos novos casos sabidos) em menos
de um mês depois do primeiro registro oficial de infecção causada pela
variante. O número de novos casos no país é recorde. Mas, pelo menos nos
últimos dias, o número de mortes tem caído.
Nos Estados
Unidos, no entanto, o número de mortes estava em número ainda muito alto e
voltou a subir depois da ômicron (não se sabe se por causa da ômicron). A taxa
diária de mortes americana agora está em 6,3 por milhão, mais ou menos a mesma
da Alemanha. Se a taxa do Brasil fosse essa, estariam morrendo mais de 1.300
por dia (antes do apagão de dados, no dia 10 de dezembro, estavam morrendo
cerca de 150 pessoas por dia por aqui).
Não quer dizer que: 1) A ômicron vá se
espalhar tão rápido pelo Brasil; 2) Que vá causar mais ou menos mortes que a
delta —simplesmente ainda não temos como saber.
Pelo menos na pesquisa Datafolha, os
brasileiros dizem que serão cuidadosos: 62%
afirmam que não vão fazer festas de final de ano com pessoas que não moram com
elas, na mesma casa. No ano passado, eram 74%. Sim, diminuiu. Mas, depois
de quase dois anos de distanciamento, ainda é um número considerável.
No entanto, apenas alguns eventos de
aglomerações irresponsáveis podem espalhar vírus. Muito provavelmente, não vai
ser como antes. No Brasil, 79,6% das pessoas com 12 anos ou mais já completaram
a vacinação (equivalente a 66,5% da população total). O estado de São Paulo já
vacinou 92,5% dos maiores de 12 anos e 78% da população total. Há ainda os que
tomaram apenas a primeira dose e podem ter sido infectados. No estado, quase
22% dos maiores de 12 anos já tomaram dose de reforço, além do mais.
É certo que ficou inviável política, social
e psicologicamente voltar a medidas duras de fechamento e distanciamento —a não
ser, claro, em caso de catástrofe nova maior. É possível que, por muito tempo,
a Covid seja uma endemia intensa de uma doença grave. Mas temos de fazer o
possível em termos de prudência e vacinar nossos 20,5 milhões de crianças de 5
a 11 anos. Salvaria crianças, mães, pais, avós e cuidadores em geral.
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