Folha de S. Paulo
Na aliança com Lula, ex-governador cumpre
sua sina de picolé sem gosto, mas a custo baixíssimo
Grande novidade desta etapa embrionária da
corrida de 2022, ao lado da entrada de Sergio Moro no páreo, o balé entre Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin para que o ex-tucano vire o vice do petista engrenou.
Desde o ponto em que era um balão de
ensaio, observadores se perguntam o que cada lado tinha a ganhar, dado que
Alckmin parecia sair de uma posição algo confortável para disputar o governo
paulista.
Após o jantar em que ele cruzou o Rubicão com Lula no domingo (19), a única certeza é a de que os grandes favorecidos com essa novela estão no chamado campo vermelho.
Fernando Haddad (PT) e Márcio França (PSB)
devem se digladiar para saber quem irá enfrentar Rodrigo Garcia (PSDB), o
vice-governador que estará na cadeira na eleição e só não disputa o segundo
turno sob anomalia imprevista —esqueça seus 5%, o que vale é seu
desconhecimento pelo eleitor e a máquina.
Já o ex-governador embarca em uma canoa
mais segura do que a de uma disputa estadual incerta.
Na pior das hipóteses, se manterá em evidência;
na menos pior, acaba a carreira segurando vela para um adversário histórico. Na
melhor, vira vice-presidente, o que no Brasil tem um peso e tanto.
Mas a questão que fica é: o que ganha Lula com Alckmin como vice além da imagem
de que, vejam!, agora ele voltou a ser moderado?
O ex-tucano não tem voto (menos de 5% em
2018), não tem partido (o PSDB o chutou antes de ele sair), não tem apoio no
Congresso (tinha poucos amigos por lá), não é querido na elite paulistana (que
diz que sua visão não passa da Mantiqueira), não agrega no mercado (que só não
o vê mais estatista do que Lula) e não tem mais amigos no empresariado do que o
próprio petista.
Como diz um dos articuladores do
ex-presidente, é nesse conjunto de negativas que reside a vantagem de ter
Alckmin na improvável chapa. Sem nada a o amarrar a compromissos, o
ex-governador cumpre sua sina de "picolé de chuchu": sem gosto, mas a
custo baixíssimo.
Um comentário:
Igor: um amigo íntimo de Lula me disse, ao ser escolhida Dilma, que ela não passava de um "poste". Essa era uma opinião dele e do próprio Lula. Deu no que deu.
Vc minimizar o papel de Alckmim e da Direita Católica da qual ele provém, é imensa miopia política, Igor. Esquerda e Direita Católicas se unindo para derrubar os Evangélicos, meu!
O buraco é mais encima, cara! Bem acima do céu que os une a todos...
Abçs.
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