Folha de S. Paulo
É a eles que Milton Ribeiro empenhava-se em
atender, como Bolsonaro determinara
Dois dos ministérios de maior alcance
social, Educação e Saúde, são os mais prejudicados no desgoverno Bolsonaro por
uma combinação perversa de trambicagem político-religiosa, corrupção em grande
escala e incompetência na gestão de políticas públicas.
As duas pastas estão no quarto titular.
Pela Saúde passaram Mandetta, o cometa Teich, o capacho Eduardo "um manda,
outro obedece" Pazuello e hoje é ocupada pelo sonegador de vacina para
crianças, Marcelo Queiroga.
A Educação estreou com o despreparado Ricardo Vélez Rodríguez e foi rebaixada com o fugitivo Abraham Weintraub. Carlos Decotelli mentiu sobre o currículo e não pôde assumir. Assim chegamos a Milton Ribeiro, aos pastores Gilmar dos Santos e Arilton Moura e aos amigos de ambos, a quem o ministro, pressuroso, empenhava-se em atender, como Bolsonaro determinara.
Os pastores não
ocupavam cargos oficiais, mas tinham o que interessa a quem disputa o butim: o
poder de abrir portas, a agenda do ministro e a chave do cofre do Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), além da preferência de marcar
encontros em hotéis ou restaurantes.
Graças à CPI da pandemia no Senado,
soubemos que negociações para a compra de vacinas envolveram circunstâncias
semelhantes, à margem dos canais formais, com a intermediação sorrateira de
"facilitadores". O leitor deve lembrar, por exemplo, de figuras como
o cabo Dominghetti e o choroso pastor Amilton
Gomes de Paula, e das conversas que combinavam na mesma frase as palavras
vacina e propina, no restaurante de um shopping.
As políticas de educação definem um país. A
saúde do seu povo o sustenta. A tragédia na Saúde pode ser contada nas 660 mil
covas abertas para os mortos pela Covid. A crise na Educação será sentida por
gerações. Como Darcy Ribeiro diagnosticou décadas atrás: "A crise de
educação no Brasil não é uma crise; é um projeto".
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