O Estado de S. Paulo.
Quem vence em Minas, ganha a Presidência; Zema está com Bolsonaro, Kalil com Lula
Com 15,7 milhões de eleitores, 11% do
total, Minas Gerais é o segundo maior colégio eleitoral do País, só atrás de
São Paulo e reza a lenda, como confirma a realidade, que só chega a presidente
da República quem vence nas Gerais. As coisas vêm mudando muito também por lá.
A polarização PT x PSDB evaporou e os
ex-governadores Fernando Pimentel, petista, e Aécio Neves, tucano, vão disputar
a Câmara dos Deputados, e olhe lá. A bola está com o governador Romeu Zema, do
Novo, e o agora ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, do PSD.
Com estilo, trejeitos e até sotaque
fortemente mineiros, Zema concorre à reeleição agarrado ao presidente Jair
Bolsonaro. Também outsider na política, mas durão, direto e objetivo, Kalil se
ancora em Lula, hoje favorito também no Estado.
Ao sair da Prefeitura na sexta-feira, dia em que ele e o Atlético (que o alavancou para a política) fizeram aniversário, Kalil, de 63, replicou Lula. “Eu preciso dele e ele de mim”, dissera o petista. “Concordo, mas eu preciso mais dele do que ele de mim”, ecoou o agora candidato.
Em 2014, a surpresa foi a derrota de Aécio
para presidente no seu Estado. Em 2018, Bolsonaro teve 58,2% contra 41,8% de
Fernando Haddad. Hoje, as pesquisas dão 15
pontos de vantagem para Zema, mas só agora Kalil vai “botar o pé na rua” e
montar o palanque: “O (Gilberto) Kassab me deu carta branca.”
Todo cuidado com as pesquisas, não por
elas, mas pelos pesquisados. Eleitor mineiro pensa uma coisa, diz outra e
decide o voto cara a cara com a urna. (Lembram do Dr. Tancredo?). Em 2018, o
“imbatível” ao Palácio da Liberdade era Antônio Anastasia, então PSDB, hoje PSD
e no TCU, que passara pelo governo com louvor. Deu o neófito Zema. Dilma
Rousseff, favorita para o Senado, acabou em quarto lugar.
Assim como no País, o foco em Minas serão
economia e pandemia. O déficit já era grande, ficou enorme. E, na pandemia, com
Zema em cima do muro, Kalil foi Kalil: mandou brasa no isolamento social,
vacinas e obrigatoriedade de máscara. “Eu não ia matar ninguém por cálculo
político, ouvi os médicos”, diz, num estado industrial e conservador. E nunca
foi recebido por Bolsonaro.
SP, MG e RJ somam 50 milhões de votos, 40%
do total. O PT tem resistência histórica entre os paulistas e perdeu a vantagem
entre cariocas e mineiros em 2018. Logo, o Kalula, ou o Lulil em Minas é caso
sério para o PT, Kalil e PSD, que alavanca seu crescimento com a ruína do PT e
do PSDB em Rio e MG, onde tinha as prefeituras das duas capitais. Logo, atenção
a Minas. Mineiro trabalha em silêncio e esconde o jogo, mas o placar nacional
depende de lá.
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