domingo, 27 de março de 2022

Bruno Boghossian: O corredor bolsonarista

Folha de S. Paulo

Com ajuda do centrão, presidente forma palanques competitivos para a disputa à reeleição

Jair Bolsonaro desenhou um corredor nas regiões Sul e Sudeste para guarnecer sua campanha à reeleição. Em contraste com a estrutura política quase inexistente de 2018, o presidente avançou na montagem de palanques competitivos em estados que podem ser cruciais para seu desempenho na disputa.

O comitê de Bolsonaro desobstruiu caminhos e tenta reconstruir pontes com potenciais candidatos em Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio e Minas Gerais. Entre fiéis e simpatizantes, são chapas que podem compor dobradinhas com o presidente em estados que somam quase 82 milhões de votos –ou 55% do eleitorado do país.

Duas atualizações recentes no quadro político ajudam Bolsonaro. Na última semana, o presidente amarrou o apoio do Republicanos e fechou a trinca do centrão que vai tocar sua campanha, com PL e PP. Além disso, ele amenizou a imagem de um candidato tóxico e vendeu ao mundo político a ideia de que pode ser um bom parceiro em alguns locais.

O bolsonarismo tem chances razoáveis no Rio Grande do Sul (Onyx Lorenzoni, do PL, ou Luiz Carlos Heinze, do PP), em Santa Catarina (o governador Carlos Moisés, pelo Republicanos, ou Jorginho Mello, do PL) e no Rio (com a campanha à reeleição de Cláudio Castro, do PL). Em São Paulo, lançou uma candidatura de potencial não desprezível, com Tarcísio de Freitas (Republicanos).

A turma governista também busca espaço nos palanques de Ratinho Júnior (PSD), no Paraná, e de Romeu Zema (Novo), em Minas. Os dois estiveram alinhados a Bolsonaro em 2018 e podem repetir a dose caso a polarização nacional entre o presidente e o PT se repita nos estados.

A formação das alianças ajudaria Bolsonaro a consolidar uma estrutura política para recuperar espaço nas duas regiões. Há quatro anos, ele teve o dobro dos votos de Fernando Haddad (PT) por ali no segundo turno. Agora, o Datafolha mostra Lula em vantagem: o petista supera o presidente por 53% a 34% no Sudeste e por 48% a 41% no Sul.

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