O Globo
Já há pelo menos um acordo entre os integrantes da chamada “terceira via”: é preciso unir forças para atingir o objetivo maior, que é tirar o presidente Bolsonaro do segundo turno para enfrentar Lula. Há quem, como o deputado Rodrigo Maia, hoje Secretário no governo Doria, ache que o nome está errado. Teria que ser algo como “via da esperança”, como gosta Doria. Está acertado entre os pré-candidatos do PSDB, governador João Doria, e do MDB, senadora Simone Tebet, e mais a direção do União Brasil que em junho se sentarão para avaliar quem está melhor nas pesquisas de opinião, e quem tem melhores condições de competir contra os dois favoritos.
A avaliação (ou torcida, em certos casos) é
de que ele talvez nem mesmo dispute a presidência da República, pois terá que
garantir foro privilegiado para se proteger contra a vingança de seus
adversários no caso mais provável de que perca a eleição. Por questões
regionais, Moro teria que concorrer à Câmara como deputado federal, pois a vaga
do Senado pelo Paraná está guardada pelo Podemos para o atual senador Álvaro
Dias, favorito para a reeleição. Como sua mulher Rosangêla já anunciou que
concorrerá também à Câmara dos Deputados, o mais provável nesse caso é que
Sérgio Moro concorresse a deputado federal em outro Estado, possivelmente São
Paulo.
Esse, é claro, é o cenário ideal para os
concorrentes de Moro nessa “via da esperança” que ainda não deslanchou. Os
cerca de 8% que tem nas pesquisas não iriam para Lula nem Bolsonaro. A senadora
Simone Tebet acha que até junho Doria se convencerá de que não tem condições de
liderar a chapa, abrindo caminho para ela, que tem baixa rejeição por ser
praticamente desconhecida do eleitorado, o que pode ser uma vantagem, que abre
espaço para ampliar sua campanha, ou uma desvantagem, que a manterá na parte de
baixo da tabela eleitoral.
Doria, por seu lado, acha que aumentará
suas possibilidades assim que, deixando o Palácio Bandeirantes em abril, puder
mostrar os avanços que conseguiu em setores fundamentais como a segurança
pública, a educação e a cultura, além do crescimento da economia paulista, mais
do triplo da brasileira, mesmo contando-se o período da pandemia. O governador
está convencido de que sua imagem foi afetada pelas ações rigorosas que tomou
para prevenir a pandemia, como fechamento do comércio, obrigatoriedade do uso
de máscaras e fiscalização sanitária rigorosa. Mas não se arrepende.
Acredita que com a conclusão de inúmeras obras, neste último ano de governo, ele e seu candidato a governador, o vice Rodrigo Garcia, terão argumentos de sobra para ressaltar uma boa gestão pública. É difícil argumentar com Doria, pois tem um retrospecto vitorioso. Foi eleito Prefeito da capital no primeiro turno, tendo começado com 4% da preferência do eleitorado, e venceu para governador também virando o jogo durante a campanha eleitoral. Confrontado com o fato de que todos os candidatos tucanos saíram de São Paulo com vitórias avassaladoras, ele argumenta: “E perderam a eleição”.
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