O Globo
Depois do vereador acusado de matar o
enteado, o Rio tem um vereador suspeito de promover orgias com menores. No ano
passado, a Câmara Municipal cassou Dr. Jairinho, preso pelo assassinato do
menino Henry Borel. Agora deve julgar Gabriel Monteiro, dublê de youtuber e
parlamentar.
O ex-PM ganhou fama quando ainda vestia
farda. Usava a imagem e as armas da corporação para posar de justiceiro na
internet. Aos 26 anos, resolveu testar a popularidade nas urnas. Foi o terceiro
vereador mais votado da cidade, à frente de veteranos como o ex-prefeito Cesar
Maia.
Filiado ao PL de Jair Bolsonaro, Monteiro seguiu o exemplo de indisciplina do capitão. Considerado um mau militar, chegou a ser expulso da polícia por excesso de faltas. Na Câmara, ele encontrou uma nova forma de caçar likes. Passou a levar equipes de filmagem para gravar incursões em escolas, abrigos e hospitais.
A pretexto de fiscalizar os serviços
públicos, o vereador se tornou conhecido por forjar flagrantes e intimidar
servidores. Numa performance que viralizou nas redes, invadiu uma UPA e acordou
um médico em horário de descanso. Em outro episódio, insinuou que dois
profissionais de saúde faziam sexo no trabalho. Foi condenado a pagar
indenização de R$ 20 mil por danos morais.
A quantia representa um trocado diante do
que ele fatura com seu teatro miliciano. Em depoimento à polícia, um
ex-assessor contou que o bolsonarista recebe até R$ 300 mil por mês das
plataformas digitais.
O sensacionalismo eletrônico sempre rendeu
votos. No passado, o programa “O Povo na TV” produziu fenômenos eleitorais como
Wagner Montes e Roberto Jefferson. A diferença é que esses personagens se
integravam à política institucional. Figuras como Monteiro e Arthur do Val, o
Mamãe Falei, não esboçam nenhum interesse pela atividade parlamentar. Só usam
os mandatos para gerar audiência e ganhar dinheiro.
Ontem o ex-PM viveu uma inversão de papéis.
Foi acordado com uma operação policial para apreender seus vídeos com
adolescentes. Sua provável cassação não resolverá o problema dos vereadores e
deputados youtubers. É preciso convencer as plataformas a cortar a remuneração
de quem rebaixa a política para faturar nas redes.
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