Folha de S. Paulo
Paulo Guedes tocou no tema e pessoal do
Planalto diz que é assunto de campanha
Jair Bolsonaro pode corrigir a tabela
do Imposto
de Renda da Pessoa Física ainda neste ano. Paulo Guedes, falou no
assunto nesta quinta-feira (7), em evento do Bradesco. Pode ser uma daquelas
ideias "na semana que vem" ou "em noventa dias", típicas do
ministro. Mas o pessoal do Planalto encarregado da campanha do governo ou do
governo em campanha diz que, sim, pode sair até por medida provisória.
A ideia de corrigir o IR parecia morta
desde que o projeto do governo de mexer no Imposto de Renda em geral, aprovado
na Câmara em setembro, havia naufragado no Senado, como de resto a reforma tributária
inteira.
O senador Ângelo Coronel (PSD-BA),
engavetou o projeto do Executivo, aprovado pelos deputados, e propôs um outro,
com isenção para rendimentos de até R$ 3.300 (atualmente, a isenção vai até R$
1.903,98), entre outras mudanças.
Esse projeto foi detonado pelo ministério
da Economia, pois custaria caro, uma perda de arrecadação de
mais de R$ 35 bilhões por ano. Agora, Guedes volta a falar no assunto, do IRPF
(mudança no IR das empresas não vai sair).
Segundo um assessor palaciano, Bolsonaro
quer, claro, a mudança, que pediu para já. Guedes não dissera "não",
de acordo com esse assessor. Ficara de estudar, "alguma coisa daria para
fazer".
Guedes embalou a promessa do benefício
naquela conversa de "devolver recursos à sociedade".
"Conversamos se vamos corrigir a tabela do IR agora ou se deixamos para
a primeira
ação de novo governo. Não queremos usar toda a alta de arrecadação de
uma vez. Vamos devolver apenas parte para não corrermos riscos fiscais",
disse.
Não importa se a arrecadação foi maior do
que se previa. O governo continua a ter déficit primário (gasta mais do que
arrecada mesmo desconsiderada nesta conta a despesa com juros da dívida
pública). O déficit total, "nominal", é ainda maior e será crescente,
dada a alta da conta de juros (a não ser que a inflação despenque amanhã e o
PIB passe a crescer como não cresce faz mais de décadas).
Em suma, quanto menos arrecadar de imposto,
mais o governo terá de pedir emprestado, dando assim mais dinheiro a ricos, de
resto sem beneficiar os mais pobres (que não pagam Imposto de Renda justamente
por falta de renda).
Guedes falou também de tocar a renegociação de
dívidas de empresas do Simples. Enquanto tiver bambu, tem flecha (isto é,
enquanto o governo não bater no limite de déficit primário deste ano, vai
torrando mais). Teve redução de imposto de combustível, uma reduçãozinha de
IPI. Teve a liberação de saque especial do FGTS (não altera o déficit). Vai ter
o auxílio-endividamento (crédito consignado maior e para mais gente, o que não
vai prestar, mas dá uma ilusão de alívio de desespero).
Na quarta-feira, Bolsonaro anunciou ele
mesmo o fim da "bandeira de escassez hídrica", o extra na conta de
luz em tempos de seca e de geração de energia cara. A medida foi antecipada em
15 dias. Entra em vigor no próximo dia 16 e pode reduzir a conta de luz, em
média, em uns 17%.
O povo ainda não viu a mudança, mas vai
notar e o governo vai bater bumbo. Não é grande coisa, mas a penúria é grande,
coisa em que os mais ricos da "opinião pública" não prestam muita
atenção.
Enquanto Lula da Silva (PT) passou a falar muita bobagem e a "Terceira Via" acaba de implodir o resto de sua base eleitoral pífia, Bolsonaro vai buscando uns pontos de pesquisa ali, outros aqui, fazendo déficit para bancar esses votos. E sua campanha mal começou. A "guerra cultural" e a trituração de Lula ainda vêm aí.
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