terça-feira, 9 de agosto de 2022

Estudantes pela democracia*

O Globo

O Dia do Estudante catalisa o desejo da maioria pela garantia de lisura nas eleições, em resistência às investidas golpistas contra as urnas eletrônicas

Milton Nascimento, que neste ano despede-se dos palcos como um dos impávidos vértices da música brasileira, canta assim nosso Coração de Estudante: “Renova-se a esperança. Nova aurora a cada dia. Há que cuidar do broto. Pra que a vida nos dê flor e fruto”. Na quinta-feira, 11 de agosto de 2022, o Dia do Estudante no Brasil, nós entregamos nossos corações, junto aos mais vastos setores da sociedade, para a esperança das flores e frutos da democracia. Ocupamos as ruas, conclamando o conjunto dos movimentos populares, a sociedade civil organizada, a amplitude de pensamentos convergentes e divergentes do campo democrático para um caminhar histórico em defesa do nosso país. Nós, do movimento estudantil brasileiro, já trilhamos os mesmos passos em momentos decisivos da vida nacional, como o combate ao nazifascismo na Segunda Guerra Mundial, a resistência à ditadura militar, a luta pela abertura política e as eleições diretas.

Agora, a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG) cerram fileiras contra as graves ameaças à institucionalidade e ao processo eleitoral, ancoradas pela extrema direita e pelo presidente da República. O Dia do Estudante catalisa o desejo da maioria pela garantia de lisura nas eleições, em resistência às investidas golpistas que têm como alvo o sólido sistema das urnas eletrônicas brasileiras e buscam instaurar a instabilidade no pleito. Caminhamos também, em todos os estados, em contraposição à cultura de ódio que foi inoculada entre os seguidores deste governo violento e que já resultou em tragédias como o assassinato de Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu. Somos muitas, somos muitos e respondemos ao mal com as nossas mãos dadas, a força da nossa coragem e a firmeza dos nossos semblantes.

Assim como em todos os anos, temos o 11 de agosto também para bradar nossa defesa pela educação pública e gratuita de qualidade. Para denunciar a crueldade do boicote de verbas às universidades e institutos federais, a vergonhosa destruição do Ministério da Educação — com seus putrefatos esquemas de corrupção e deploráveis barras de ouro —, a aniquilação das bolsas de pesquisa científica, o desmantelamento dos fundos de desenvolvimento tecnológico, sob a égide do ultraliberalismo predatório e do absoluto negacionismo obscurantista. Sabemos que não haverá como superar a quadra de retrocessos que hoje cinge nosso país sem a prioridade absoluta das políticas de educação e da recuperação de uma agenda voltada à juventude e ao desenvolvimento humano. Essa é a grande contribuição que o movimento estudantil, a partir de suas três máximas entidades, oferece à ampla frente democrática que se congrega.

Temos hoje, nas universidades, escolas e laboratórios, nos grêmios, centros e diretórios acadêmicos, nas associações de pós-graduandos, o protagonismo de jovens que representam a seiva do nosso país. Jovens das periferias, da floresta, do povo negro. Dos movimentos de mulheres, da população LGBTQIA+. Que acreditam na democracia como única vereda para a superação de nossas desigualdades históricas e para o florescer de novos avanços. Para vencer a fome, a exclusão e a precarização galopante da vida dos mais pobres. Para recuperar nossa autoestima, soberania e perspectiva de crescimento humano. Para fazer valer nosso futuro a partir da bravura do nosso presente. Por isso tudo estamos nas ruas. Nos verdes sentimentos de Milton, entre folhas, coração, juventude e fé. Vamos à luta!

*Bruna Brelaz é presidente da União Nacional dos Estudantes; Jade Beatriz é presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e Vinícius Soares é presidente da Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG)

3 comentários:

ADEMAR AMANCIO disse...

Ninguém segura a juventude do Brasil.

Anônimo disse...

Qualquer um que ganhar será a repetição de um pesadelo. Devemos isso a Suprema Corte dos imbecies. Uma eleição para se guardar e jamais se repetir. Um cinico com um ego transbordando e um bestalhão convencido de uma coisa que não é, nunca foi e jamais será. Em fim 2 vagabundos somente.

Anônimo disse...

O que esse governo do Bolsonaro fez que o Lula não tenha feito? Mais do mesmo. Um logro disfarçado de democracia. Enquanto não souberem votar o nosso país não sairá do lugar. Aprendam a votar brasileiros é assim que se fará a mudanças que almejamos. É com o cérebro e não como se supõe erroneamente, pela força.