sábado, 1 de outubro de 2022

Pablo Ortellado - Band-aid bom, remédio ruim

O Globo

Nada alimentará mais o bolsonarismo que um governo do PT

Se tudo acontecer como sugerem os institutos de pesquisa, Lula receberá o maior número de votos amanhã, talvez até mesmo vencendo Bolsonaro no primeiro turno.

Nos últimos dias, ele ganhou apoio de atores importantes fora de sua zona de influência: apoiadores históricos de Ciro Gomes, políticos tucanos, economistas liberais e intelectuais não petistas. A ideia de uma frente ampla, para impedir que o populista autoritário consiga um segundo mandato e consolide, assim, a erosão institucional, finalmente se concretizou. Para o bem e para o mal, esse processo se deu sob a liderança de Lula e do PT.

Durante todo o mandato de Bolsonaro, diversas iniciativas tentaram construir uma aliança de frente ampla para contê-lo, algumas tentando o impeachment do presidente. O PT avaliou que o impeachment atrapalhava sua estratégia eleitoral e, embora alguns líderes tenham formalmente declarado simpatia pela ideia, o partido na prática boicotou as iniciativas. O objetivo era, de um lado, impedir que uma mobilização pelo impeachment forjasse novas lideranças com potencial eleitoral e, de outro, impedir que a entrada de Hamilton Mourão fortalecesse o governo, que passaria a ter uma liderança conservadora mais hábil e pragmática.

Para as eleições, o PT apresentou uma nova ideia de frente ampla, sob sua hegemonia. Lula cedeu a Vice-Presidência para seu antigo adversário Geraldo Alckmin e costurou alianças com forças políticas que haviam apoiado o “golpe”. Quando a dinâmica eleitoral polarizada empurrou a maioria dos eleitores para Lula ou Bolsonaro, os democratas desgarrados terminaram aceitando o petista, reconhecendo a enorme diferença de compromisso democrático entre os dois principais contendores.

Por um lado, Lula é a pessoa mais qualificada para liderar essa frente ampla. Para começar, tem enorme quantidade de votos dos mais pobres, gratos pelas políticas públicas implementadas nos anos 2000. Se a atual frente ampla eleitoral fosse construída em torno de outra liderança, digamos Haddad, ou Ciro, ou Tebet, Bolsonaro provavelmente não estaria em tamanha desvantagem.

Lula também é, indiscutivelmente, o político mais hábil do país, e sua habilidade será necessária para desmontar a base de apoio de Bolsonaro e reconstruir as instituições democráticas, dos organismos de fiscalização ambiental às políticas de apoio à ciência e à cultura. Além disso, ele se comprometeu com um Bolsa Família de R$ 600 e aumentos anuais do salário mínimo acima da inflação. Precisará acalmar o mercado, que já está inquieto com o impacto fiscal dos gastos de última hora de Bolsonaro.

Mas, paradoxalmente, por outro lado Lula também é a pior pessoa para liderar a frente ampla eleitoral. Embora impedir a reeleição de Bolsonaro seja uma espécie de emergência democrática, o bolsonarismo não é só fenômeno eleitoral, é também fenômeno social. E, se olharmos para o bolsonarismo enraizado na sociedade, nada o alimentará mais que um governo de Lula e do PT.

O petista mudou o discurso a respeito da corrupção, reconhecendo que malfeitos podem ter acontecido. Também fez menções críticas à China e a Cuba, que foram bem ensaiadas e apenas pareciam acidentais. Esses gestos são insuficientes para aplacar o ódio dos bolsonaristas, ainda que sejam movimentos na direção certa.

O bolsonarismo seguirá usando o medo do petismo para sobreviver e, talvez, crescer. Lula dificilmente dará declarações inequívocas condenando os regimes autoritários de Cuba, Venezuela e Nicarágua (como fez o presidente Boric, do Chile). A ambiguidade da sua postura seguirá alimentando o fantasma do bolivarianismo e do Foro de São Paulo. Por mais que genericamente admita que erros podem ter sido cometidos, Lula não reconhecerá nem a dimensão nem o envolvimento profundo do PT nos escândalos de corrupção na Petrobras. Somam-se a tudo isso as condições econômicas adversas sob as quais Lula governará, e podemos dar como certo que, com ele, o bolsonarismo permanecerá vivo e forte na sociedade brasileira.

 

8 comentários:

Anônimo disse...

Na atual conjuntura você falar em primeiro turno prova o quanto você se deixou levar por essa narrativa do ladrão já ganhou,
esquece !
presidente reeleito!

Anônimo disse...

A engrenagem montou o maior esquema de ficção política pra ressuscitar o Lula e recolocá-la a frente do governo brasileiro
Contou com atores poderosos ;
como a cúpula do Judiciário ( STF e TSE) 90% da mídia nacional , a maioria dos bancos privados , os acadêmicos das Universidades Federais e na classe artística , com boas e valorosas exceções
Passaram um rolo compressor em cima da Sociedade Brasileira.
Na certeza da vitória, o plano macabro incluía a fraude eleitoral e as fraudes em pesquisa para um bater com o outro no final
Plano perfeito!
só que deu tudo errado a começar com a fiscalização das forças armadas no processo eleitoral e a resistência da mídia verdadeira e da internet que conseguiram manter o povo informado, na contramão do que vinha pela mídia tradicional, que assumiu despudoradamente a oposição ao Presidente e apoio ao Lula
Tudo isso está caindo por terra o povo percebeu todo teatro obscuro
Os brasileiros aos milhões foram às ruas em várias oportunidades, e ergueram suas vozes por Deus, Pátria, Família e Liberdade!
Todos em apoio ao presidente e a sua reeleição!

Anônimo disse...

"Lula também é, indiscutivelmente, o político mais hábil do país,... Precisará acalmar o mercado, que já está inquieto com o impacto fiscal dos gastos de última hora de Bolsonaro"

Isso é verdade. Chamo atenção pro fato de q é Lula q terá q ACALMAR O MERCADO (Lula ja começoua acalmá-lo).
Veja, o bozo faz as lambança e o LULA é chamado pra limpar.
Conclusão: o mercado é pouco inteligente. Se Lula ou Haddad tivesse ganho a eleição de 2018, Lula não precisaria consertar esta lambança bozoide.

Anônimo disse...

Teatro obscuro foi feito pelo genocida e o candidato palhaço Kelmon durante o último debate, quando ambos combinaram estratégias e trocaram perguntas encomendadas! O palhaço Kelmon, ou Kelvin, ou qualquer que seja seu nome, é cabo eleitoral de Bolsonaro, e mais um capacho usado pelo genocida!

Anônimo disse...

Sim, bozo gosta tanto e preza tanto a família q TEM UMAS 3 OU 4.
Eu não tenho nada contra. As pessoas têm o direito de se acertar.
Mas chamo atenção pra dois pontos:
1/2) SE autointitula defensor da família na condição de ter várias e
2/2) cê já deve ter percebido q ele sustenta tantas ex-esposas com a rachadinha, com imóveis em dinheiro vivo, com sinecuras no Estado (as esposas só recebem sem trabalhar).

Anônimo disse...

Quanto a Deus, impressiona-me q vv considere q bozo teme a Deus. Um panaca defensor de mais mortes, de torturas, de pau de arara, usuário de rachadinhas, de linguajar chulo etc.
Onde fica o "dar a outra face"?
Bozo pode ser de deus mas com certeza não do DEUS cristão!

Anônimo disse...

Quanto a pátria, sabemos q o Brasil PIOROU em tudo. Não esqueçamos q a miséria aumentou. O orçamento secreto é pura roubalheira. Há corrupção do ouro dos pastores da deseducação, da propina em pneus, da propina nas vacinas.
Cê sabe de tudo isso.
CÊ SAAAAAAAABE!
Deixe de ser fanático e vote LULA 13!
Sem medo de voltar a ser feliz.
LULA PRESIDENTE AMANHÃ!

ADEMAR AMANCIO disse...

Xingamento não resolve nada,eu só desejo saúde e paz a todos os brasileiros.