“O político em ato é um criador, um
suscitador, mas não cria a partir do nada nem se move na vazia agitação de seus
desejos e sonhos. Toma como base a realidade efetiva: mas o que é esta realidade
efetiva? Será algo estático e imóvel, ou, ao contrário, uma relação de forças
em contínuo movimento e mudança de equilíbrio? Aplicar a vontade à criação de
um novo equilíbrio das forças realmente existentes e atuantes, baseando-se
naquela determinada força que se considera progressista fortalecendo-a para fazê-la
triunfar, significa continuar movendo-se no terreno da realidade efetiva, mas
para dominá-la e superá-la (ou contribuir para isso). Portanto, o "dever a
ser” é algo concreto, ou melhor, somente ele é interpretação realista e
historicista da realidade, somente ele é história em ato e filosofia em ato,
somente ele é política. “
*Antonio Gramsci (1891-1937). Cadernos do
Cárcere, v.3. p.35. Civilização Brasileira, 2007.
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