Folha de S. Paulo
Lista de projetos econômicos pode azedar
clima entre Executivo e Legislativo
O Congresso andava quieto depois de aprovar
uns projetos econômicos que até remendam o país e, mais impressionante, até uma
promessa de Reforma
Tributária. Então saiu para as férias. A seguir, entrou na muda, entretido
com a barganha de ministérios. Voltou à ativa para tratar de assuntos cooperativos
e corporativos. Ameaça agora aprovar uma rajada de medidas que podem estourar e
desmoralizar as contas públicas, um tabefe no governo de Luiz Inácio Lula da
Silva e no país.
Sim, "assuntos cooperativos e
corporativos". O Congresso mais e mais é uma cooperativa privada de
direito público, destinada a criar uma casta de negociadores de dinheiros
públicos (de emendas a fundões eleitorais) e de garantias de permanência no
poder (com, de novo, fundões partidários e regulações contra a concorrência
político-eleitoral).
Considere-se essa dita "minirreforma eleitoral" e a anistia que vão se dando para trambiques em contas partidárias.
Há sinais preocupantes. Já seria de
qualquer modo difícil reduzir o déficit e o crescimento da dívida pública. A
situação ficou ainda mais delicada com a queda em parte inesperada da
arrecadação de impostos. Com a saraivada de projetos gastadores, o caldo
engrossa.
Aprovou-se no Senado uma emenda constitucional
que coloca
na conta do governo federal mais servidores de ex-territórios federais, um
trem da alegria que, vez e outra, roda desde a aprovação da Constituição, por
inspiração e com apoio de lideranças do governo.
O governo combinara com estados e
municípios tapar parte das perdas causadas pela redução da alíquota do ICMS
(combustíveis, energia etc., obra eleitoreira inspirada pelo governo das
trevas). A conta está saindo mais cara, inclusive por iniciativa de petistas.
Há projetos para beneficiar indevidamente servidores —obra de Rodrigo
Pacheco, presidente do Senado (PSD-MG). Pode haver dinheiros federais para
policiais. Etc. Enfim, há risco de a Reforma Tributária ser desfigurada no
Senado.
Entretanto, gente graúda no Congresso faz
cara feia para aumento de impostos, em particular sobre mais ricos (fundos
exclusivos, offshores). Vem com a conversa de que "o governo tem de
cortar" em vez de apenas pedir dinheiro (que o Congresso quer gastar a
rodo). Que cara de pau.
Os assuntos econômicos mais importantes,
imediatos, de conjuntura são:
Haverá dinheiro e vontade para ao menos
cortar o déficit primário em 2024? Déficit zero não vai ter, afora milagres.
Mas é essencial reduzir o déficit, com aumento de imposto, redução de despesa e
preservação total ao menos desse "arcabouço fiscal" um tanto
relaxado;
A inflação continuará caindo ou controlada
mesmo com a quase estabilidade de salários e algum crescimento mínimo da
população ocupada? Parece esotérico, mas é importante. Pode ser que a
capacidade de crescimento da economia seja
maior do que imaginávamos, o que terá (deve ter) consequências práticas (em
juros, por exemplo).
Quanto ao segundo tópico, nada se pode
fazer, no curto prazo. Quanto ao déficit, estamos com água pelo nariz. Uma
frustração grande do controle do rombo vai, no mínimo, evitar queda maior das
taxas de juros. Pode resultar apenas em rebaixamento de perspectivas de
crescimento. Mas, a depender do tamanho da lambança, cresce muito o risco de
uma reviravolta maior de expectativas (de crescimento, de inflação, de ânimo
empresarial para investir).
Não raro, o Congresso se dedica a um esforço concentrado de destruição. Para citar apenas dois casos graves, fez assim com FHC, no final de seu primeiro mandato (1998). Fez assim com o programa Dilma 2 de remendar os estragos, em 2015. Convém prestar atenção.
3 comentários:
■Vinicius Torres escreveu::
▪ " O Congresso mais e mais é uma cooperativa privada de direito público, destinada a criar uma casta de negociadores de dinheiros públicos (de emendas a fundões eleitorais) e de garantias de permanência no poder (com, de novo, fundões partidários e regulações contra a concorrência político-eleitoral) ".
TRISTE !
TRISTE !
TRISTE !
O exercício do poder e da política no Brasil sempre foi e está ficando cada dia mais triste e deprimente.
Executivo, Judiaciário e Legislativo estão entregues a gente que faz uso pessoal --e até roubo e tráfico-- com o poder.
Dá para engolir um DiasTófoli?
Dá para engolir um Gilmar Mendes?
Dá para engolir um Kássio Nunes?
Dá para engolir um Bolsonaro?
Dá para engolir um Lula?
Dá para engolir um Arthur Lira?
ESTÁ DIFÍCIL !
ESTÁ DIFÍCIL !
Está muito difícil o Brasil !
E a população só tem olhos para Lula e Bolsonaro::
▪Um... que leva para casa e não devolve relógios ; o outro... leva relógios e não devolve também!
■A corrupção de um é contada em $Bilhões. Mas foram quantos $Bilhões?
■A corrupção do outro é contada em um relógio aqui, uma caixa de dinheiro vivo que ele usa para comprar um imóvel ali, soma ao relógio e à caixa de dinheiro mais um "esquema de raspadinha" com dinheiro público acolá... E a corrupção dele é contada em $Mihões. Mas foram quantos $Milhões? Bem pode ter sido Bilhões!
O dinheiro que essa gente rouba -- Lula e Bolsonaro na liderança do roubo-- deveria estar sendo aplicada em educação, formação profissional, universidades, saúde...
Só da saúde, no orçamento preparado em 2014 e enviado para aprovação no Congreso para vigorar em 2015, foram retirados $15Bilhões.
$15Bilhões!!!
E até onde eu sei, a saúde não recuperou estes recursos no orçamento. E quando é recuperado o dinheiro para alguma coisa no orçamento, penduram o dinheiro para outra coisa na dívida!
▪Lula é artista para gastar mais do que arrecada para fazer os tolos e imbecís pensarem que ele é mágico e que sabe fazer e vive falando que o pobre tem que ser colocado no orçamento, mas quando a gente vai ver, Lula colocou o pobre na dívida e no orçamento quem Lua colocou foram os juízes, porque tem um monte de juízes que ficam lhe dando proteção e não exigem que Lula devolva ao menos o dinheiro roubado nos esquemas e Lula colocou os deputados no orçamento, mantendo o Orçamento Secreto de Bolsonaro.
Quanta gente não morreu por esse dinheiro todo que foi roubado não ter chegado à saúde e até ter sido retirado?
●Um bolsonarista, quando admite alguma coisa de Bolsonaro, logo compara e diz que "Lula é muito pior!".
●Um Lulista vem atrás e diz que é Bolsonaro que é muito pior.
E ficam assim, se medindo para ver quem é o menos ladrão, se medindo para ver quem é menos articulado e menos defensor de regimes homofóbicos e misóginos, se medindo para ver qual dos dois faz menos gastança para ferrar com o país, se medindo para ver quem atinge menos o meio ambiente dizendo que não faz isso e até se fingindo de ambientalista...
■ No real, a diferença entre um e outro, a diferença entre Lula e Bolsonaro, não passa de um ficar com relógio Roléx e o outro com relógio Cartier ; um apoiar Xi Jiping e outro apoiar Donald Tramp, com os dois apoiando Vladimir Putin juntos no esfolamento da Ucrânia e da democracia ; um não comprar vacina para Covid-19 e outro não comprar vacina para Deng ; um aprovar "Pílula de Farinha" dizendo que é para tratar câncer e outro aprovar "Tratamento com Ozônio" dizendo sei lá o quê....
Mas os dois, Lula e Bolsonaro, fazem igual várias coisas. Uma das coisas mais iguais que eles fazem é indicar para o STF protetores para suas delinquências, e não Ministros dignos ; os dois, e seus seguidores, não tendo nenhum compromisso com a democracia, enlameuam com leviandades e xingamentos a imprensa profissional e o jornalismo sério e os dois, todos dois, fazem um imenso bacanal político com o que tem de pior no Congresso!
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