O Estado de S. Paulo
Lula fala e interfere onde não deve, cala
sobre o que deve e despenca nas pesquisas
O presidente Lula parece ou finge não ver, mas as coisas estão desandando e as pesquisas já apontam para desaprovação maior do que aprovação nas próximas rodadas, com queda de popularidade nos diferentes segmentos. Fazer meia culpa não é e nunca foi o forte de Lula, mas cadê o decantado faro político, a perspicácia e o carisma de Lula? Está sempre sério, mal-humorado, com declarações recheadas de erros não só de comunicação, mas de informação e compreensão do mundo.
O que o Brasil ganha com Lula negando o
óbvio, que Nicolás Maduro é ditador, a Venezuela está em frangalhos e os
venezuelanos vivem no pior dos mundos? Impedida de disputar as eleições de
julho por instituições viciadas, Maria Corina reclamou. Lula deu de ombros: “Eu
não fiquei chorando quando não pude concorrer”. Após relativizar a democracia,
agora avaliza a lisura das eleições convocadas por Maduro, enquanto se cala
sobre Alexei Nalvany, assassinado por Vladimir Putin, e até sobre a dengue.
Fala o que não deve e cala sobre o que deve.
Na economia, Lula também insiste em desdenhar
do bom senso e da política econômica de Fernando Haddad, exercitando seu velho
populismo e defendendo mais gastos, quando o principal problema é exatamente o
equilíbrio fiscal. Haddad se esfalfa pela arrecadação, Lula só quer gastar. Sua
base petista acha lindo, a realidade grita. Isso não vai melhorar sua
popularidade.
As intervenções políticas e voluntariosas na
Petrobras e na Vale custam caro e Lula tem de engolir que no seu primeiro ano
de governo, o lucro das duas principais empresas do País despencou em relação
ao do último ano de Jair Bolsonaro e a pauta econômica e ambiental do governo
está parada, com o Congresso digladiando com o Executivo por emendas e com o
Judiciário em temas de costume. E a articulação política do governo?
Não é “má vontade” da mídia, quem derruba
manchetes positivas por negativas é o próprio Lula. Em vez de “Brasil condena
massacre de palestinos”, “Lula compara ação de Israel a Holocausto”. Em vez de
“Brasil lidera pressão por democracia na Venezuela”, “Lula relativiza
democracia”, ou “Lula avaliza ditadura de Maduro”. Em vez de “Lucro e ações da
Petrobras e da Vale disparam”, “Lucro da Petrobras cai 33%”. Em vez de “Lula
cobra controle das contas públicas”, “Lula exige mais gasto”.
As pesquisas Quaest e Ipec apontam que a
popularidade de Lula caiu entre os que já eram contra, como os evangélicos, e
os que eram a favor, como as mulheres. Logo, logo, as curvas acabam cruzando,
com aprovação menor do que desaprovação. Será que, assim, Lula vai entender que
as coisas estão desandando?
3 comentários:
Até parece que alguém vai dizer aquilo que a gente quer,nunquinha,rs.
Relativizar a democracia é o único erro imperdoável de Lula.
AA, quais são os erros perdoáveis? MAM
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