O Estado de S. Paulo
Congresso avança para multiplicar viciados em jogos de azar e reprimir usuários de maconha
O Congresso trilha um caminho ambíguo em relação a dois temas com impacto sobre a saúde pública, as relações familiares e a criminalidade. Avança no Senado, depois de aprovado na Câmara dos Deputados, o projeto de lei que legaliza cassinos, bingos, bicho, apostas online e outros jogos de azar. E chegou do Senado para discussão na Câmara a PEC que criminaliza a posse de qualquer quantidade de drogas. Os usuários, a critério do juiz, receberão penas alternativas.
A PEC das Drogas é uma resposta ao STF, que
decidiu que portar até 40 gramas de maconha não é crime. O argumento dos
parlamentares favoráveis à criminalização é o de proteger as famílias
brasileiras dos impactos nocivos que o vício em drogas provoca.
Já o PL da Jogatina é fruto do lobby no
Congresso e do desespero do governo Lula por mais uma fonte de receita. Jogos
de azar também causam dependência e destroem famílias. O vício em jogo leva ao
endividamento, à depressão e ao alcoolismo. Porém, muitos dos parlamentares que
apoiam a criminalização dos maconheiros são os mesmos que querem liberar a
jogatina, esquecendo-se, momentaneamente, da “defesa da família”.
Sobra oportunismo dos representantes do povo
na aplicação de uma moral seletiva – e falta coragem para enfrentar problemas
reais de frente, com a busca de soluções cientificamente embasadas. O
julgamento do STF que descriminalizou o consumo de maconha é um puxadinho
malfeito de uma lei de 2006. Alivia pelo lado da demanda, mas não resolve a
questão da oferta: os usuários conseguem maconha de algum lugar, na maioria das
vezes do crime organizado. A PEC das Drogas tampouco ataca esse problema. Se os
parlamentares consideram que é melhor ter os jogos de azar sob a regulação do
Estado do que sem controle na mão da contravenção, por que a mesma lógica não
se aplica à cannabis?
Estudos sobre a legalização da maconha em
Estados americanos ao longo dos últimos 12 anos mostram que a medida não teve
efeitos significativos, nem para melhor, nem para pior, nos índices de
dependência de drogas, criminalidade ou acidentes de trânsito. Por outro lado,
as autorizações para apostas esportivas online nos Estados Unidos aumentaram a
procura por serviços de apoio a jogadores patológicos em 43%. Em ambos os
casos, maconha e jogos, o único “benefício” concreto foi o aumento da
arrecadação de impostos. Ao fim e ao cabo, é isso que vem definindo a política
pública.
Um comentário:
Maconha e cerveja,são,de longe,as piores drogas do mundo moderno.Adoraria viver num mundo onde não tivesse nem tarja-preta.
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