Folha de S. Paulo
Senador diz que haverá loucura em 2026; mas
loucura de quem ou contra quem?
Aprendiz de Mãe Dinah, Ciro Nogueira prevê que o impeachment de ministros do STF será uma das principais pautas na eleição do Senado em 2026. "Vai ser uma loucura, você não tem ideia do que vai acontecer", ameaçou em entrevista à Folha. O líder do centrão acredita que Jair Bolsonaro vai recuperar os direitos políticos —ou por meio do próprio Judiciário que o tornou inelegível, ou por anistia do Congresso— e poderá ser candidato ao Planalto daqui a dois anos.
Não há novidade no discurso de Ciro. É a
ladainha que se ouviu no ato de extrema direita realizado na avenida Paulista
no 7 de Setembro, que ficou aquém das expectativas, com os manifestantes
ocupando alguns quarteirões. A surpresa é o uso da palavra "loucura"
na boca do adivinho. O senador quis dizer que os ministros do Supremo, de uma
hora para outra, vão ficar birutas? Ou será cometido algum desatino contra
eles?
Ciro foi o articulador da campanha à
reeleição, recorrendo ao que chamou de "relógio da democracia" para
fazer nas redes sociais uma contagem regressiva até a vitória de Bolsonaro.
Mesmo com Lula à frente nas pesquisas de intenção de voto desde o primeiro
turno, o ex-ministro da Casa Civil costumava
promover um infantil tic-tac para referendar a tese da virada. Deu no que deu.
A bola de cristal do senador está embaçada. A
julgar pelas eleições municipais, o crime continuará no centro do debate
nacional. É nesse contexto que vive Bolsonaro, alvo de inúmeras investigações:
inquérito das fake news, interferência na Polícia Federal, vazamento de dados
de investigação sigilosa da PF, relacionar a vacina contra Covid à Aids,
adulteração de cartões de vacina, joias doadas pela Arábia Saudita e a
tentativa de golpe de Estado e atentado ao Estado democrático de Direito.
Não espanta que, após quatro anos de
Bolsonaro, a sociedade tema o avanço de organizações criminosas de todo tipo. A
pauta da segurança domina o pleito atual. O candidato bolsonarista no Rio é um
fiasco, e em São Paulo o mais combativo aliado de Nunes é Tarcísio de Freitas.
A turma do capitão se identifica com o coach que desidrata sob o peso da
rejeição.
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