Folha de S. Paulo
Adeptos da astrologia podem até enxergar na
queda do dólar um sinal de desanuviamento para o novo ano
O ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, completa 62 anos neste sábado, 25 de janeiro. E o mês que antecedeu
seu aniversário faz jus ao conceito popular de inferno astral.
A disseminação de informação
falsa sobre taxação de operações via Pix, a partir de uma norma da
Receita Federal, abalou o governo e a imagem do ministro. Foi obrigado a
recuar.
Às vésperas do aniversário, Haddad foi
repreendido, interna e publicamente, pelo presidente Lula (PT), que também
cobra dele medidas para redução do preço dos alimentos.
Nomeado em janeiro, o novo chefe da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência), Sidônio Palmeira, chegou ao Palácio do Planalto como mais um conselheiro de Lula em matéria econômica.
Sidônio reforça
o time dos que defendem ações populares, como a isenção de Imposto de Renda
até R$ 5 mil compensada pela taxação de ricos _ na contramão do ajuste exigido
pela Faria Lima e do cronograma idealizado pelo titular da Fazenda.
A provável entrada da presidente do PT, Gleisi
Hoffmann (PR), na Esplanada dos Ministérios engrossará, no entorno de
Lula, a crítica à austeridade fiscal. Sob presidência dela, o PT definiu a
política econômica como "austericídio
fiscal".
Adeptos da astrologia podem até enxergar na
queda do dólar um sinal de desanuviamento para o novo ano de Haddad. A eleição
do ex-prefeito Edinho Silva para a presidência do PT poderá garantir inédito
apoio partidário ao ministro.
Mas não há conjunção astral capaz de abrandar
os desafios que o ministro terá pela frente. A começar pela trajetória
da dívida pública, definida por ele como uma "batata
quente".
Projeções do Tesouro apontam para o risco de
a dívida bruta atingir um pico de 83,1% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2028,
em um ambiente de desaceleração econômica.
Há ainda a especulação financeira. E a
voracidade do Congresso, em crise de abstinência após suspensão temporário do
pagamento de suas emendas.
Há também resistência de magistrados e
militares à redução de seus privilégios. Não há cenário astrológico possível
para implementação de justiça tributária no Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário