quarta-feira, 30 de julho de 2025

PT defende Alckmin e prega aliança com o centro em 2026

Cristiane Agostine / Valor Económico

Partido deve reconduzir a tesoureira Gleide Andrade no comando das finanças petistas

O PT deve aprovar no fim de semana, em encontro nacional do partido, um documento com a defesa da atuação do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), nas negociações para evitar o tarifaço anunciado pelos Estados Unidos e com críticas às ações da família Bolsonaro contra a soberania nacional.

No texto, o PT apoiará também a política econômica comandada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a atuação do governo Luiz Inácio Lula da Silva na política externa. O documento servirá de norte para o partido nas eleições de 2026 e pregará um amplo leque de alianças, especialmente com o centro, para reeleger Lula.

A legenda defenderá ainda a busca pelo apoio dos evangélicos e dos empreendedores, que ainda resistem ao governo petista, segundo as pesquisas de opinião.

A tese será debatida e aprovada durante o 17º Encontro Nacional do PT, que será realizado entre sexta-feira (1) e domingo (3), em Brasília, com a presença de Lula. No evento, o presidente eleito do partido, Edinho Silva, tomará posse, assim como a nova direção petista. A atual tesoureira, Gleide Andrade, deve ser mantida no cargo, após negociações feitas por Edinho.

O documento foi apresentado em maio pelo grupo de Edinho, Construindo um Novo Brasil (CNB), para disputar a eleição interna do PT, e está sendo atualizado com sugestões apresentadas por outras tendências petistas e para responder a problemas da conjuntura, como o tarifaço dos EUA. Edinho foi eleito com 73,1% dos votos e sua chapa obteve 51%. A distribuição de cargos na direção do PT é feita proporcionalmente à votação das chapas.

Responsável pela redação do novo texto, o dirigente Alberto Cantalice disse que entre as atualizações está o apoio ao governo Lula contra o tarifaço, com destaque à nomeação de Alckmin como negociador com o governo norte-americano e empresários. O protagonismo de Alckmin tem sido destacado pelo PSB e pelo PT para mantê-lo como vice na chapa de Lula “Alckmin tem atuação exemplar. Como negociador, mostrou uma vasta experiência como gestor e a interlocução com setores empresariais. É calmo e ponderado e Lula já disse que deve continuar como vice”, disse Cantalice.

O evento partidário coincidirá com o início da taxação de 50% sobre os produtos brasileiros, na sexta-feira, anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, em retaliação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo tribunal Federal. Bolsonaro é réu por tentativa de golpe.

O PT vinculará o tarifaço, com os prejuízos econômicos ao Brasil, à família Bolsonaro e à extrema-direita. “Há figuras que estão nos Estados Unidos atacando o governo, prejudicando setor produtivo e a economia brasileira”, disse Cantalice, em referência ao deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está desde março nos EUA e tem dito que atua para impedir o diálogo do governo brasileiro com Trump.

Além do destaque às ações do governo na política internacional, outro eixo do documento do PT será “o apoio integral” à política econômica de Haddad. Esse apoio contrasta com as constantes críticas feitas pelo partido no passado, mesmo em outras gestões de Lula.

O terceiro eixo do texto será a estratégia eleitoral do PT em 2026, com a manutenção e ampliação da frente que elegeu Lula em 2022. “Queremos um amplo leque de alianças, da esquerda ao centro”, afirmou Cantalice. Edinho já tem feito acenos ao centro, para ampliar o apoio à reeleição de Lula.

Em 2026, o PT terá como prioridade três eleições: a presidencial, a do Senado e da Câmara. “Precisamos melhorar nossa representação no Congresso”, disse. A disputa pelos governos estaduais deve ficar em segundo plano, com o apoio do PT a candidatos de partidos aliados, como o PSB, e a aposta nos governadores petistas que tentarão a reeleição - Jerônimo Rodrigues, na Bahia; Rafael Fonteles, no Piauí, e Elmano Freitas, no Ceará. A governadora Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte, está em seu segundo mandato. “Vamos olhar com lupa as candidaturas nos Estados”, afirmou Cantalice.

 

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