segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Trocas partidárias devem atingir majoritariamente o Senado

Por Fernando Taquari – Valor Econômico

SÃO PAULO - Interesses eleitorais, descontentamentos com os rumos do partido e assédio de outras siglas. Os três fatores dão o tom das negociações em curso pelo país entre legendas e políticos que buscam novos ares em meio ao recesso parlamentar. O Senado deve concentrar a maior parte das trocas partidárias no primeiro trimestre de 2016.

O senador Alvaro Dias (PR), por exemplo, já acertou sua saída do PSDB e a filiação ao PV. A mudança de partido deve ser concretizada nas primeiras semanas deste ano. O parlamentar diz que não tem identidade com o PSDB do Paraná, sobretudo com a gestão do governador Beto Richa (PSDB), alvo de protestos de professores e servidores em 2015.

O desconforto no ninho tucano cresceu a partir de 2010, quando Dias pretendia concorrer ao governo paranaense, mas foi preterido pelo partido, que escolheu Richa para a disputa no Estado. A ida do senador para o PV também tem como pano de fundo sua pretensão de concorrer à Presidência da República em 2018, o que ainda não está garantido. Mesmo assim, será a principal estrela do programa de TV do PV que vai ao ar em janeiro.

A eleição presidencial também está por trás da provável saída do senador Cristovam Buarque (DF) do PDT. Candidato ao Palácio do Planalto em 2006, o parlamentar pedetista não concorda com a estratégia da cúpula do partido de lançar o ex-ministro Ciro Gomes (CE), recém filiado à sigla, na disputa presidencial.

O presidente do PDT, Carlos Lupi, aposta na candidatura própria para elevar a bancada de deputados. Cristovam considera remota a hipótese de ficar no partido com a imposição de Ciro como candidato. Com a eventual desfiliação, o PPS desponta como um dos possíveis destinos do senador, dada a amizade com o presidente da sigla, deputado Roberto Freire (SP).

O PDT tende a perder outro quadro. Campeão de votos em 2014, o senador Reguffe (DF) está de malas prontas para deixar a legenda. Incompatibilidade de princípios com a direção nacional motivaram a decisão de migrar de partido. Seu futuro partidário, no entanto, segue incerto, apesar do assédio do PV e do Rede Sustentabilidade, que ainda corteja os petistas Paulo Paim (RS) e Walter Pinheiro (BA).

Assim como PDT, o PT também deve perder duas cadeiras no Senado. Insatisfeito com os rumos da legenda, Pinheiro está dividido entre Rede e PSD, cuja a principal liderança na Bahia é o amigo Otto Alencar. Sua saída, porém, é dada como certa. Já Paim diz que vai decidir seu futuro político na semana que vem, quando se reunirá com o PT de seu Estado.

De todo modo, Paim avalia como ínfima a chance de permanecer no PT. "Só não posso confirmar porque seria um desrespeito aos correligionários que pediram uma conversa no dia 11. Agora, as possibilidades de sair são grandes", afirma o senador gaúcho, que tem sido um crítico frequente do governo Dilma Rousseff e das medidas de ajuste fiscal.

Além do Rede, Paim tem conversas adiantadas com o PSB. "São partidos que são atuantes em causas que eu defendo", ressalta o petista, conhecido por sua atuação em defesa dos direitos trabalhistas e previdenciários. "Espero uma conversa amistosa com a direção estadual, para que não haja uma separação litigiosa", acrescentou.

Outras trocas podem ocorrer em função das eleições municipais. O senador José Medeiros (MT) já antecipou o interesse em deixar o PPS para concorrer à Prefeitura de Rondonópolis (MT) com o apoio do senador Blairo Maggi (PMDB-MT). A troca de partido é essencial, já que o atual prefeito, Percival Muniz (PPS), também é filiado ao PPS.

Em São Paulo, o secretário municipal de Educação, Gabriel Chalita, flerta com PDT e PR em uma estratégia que envolve sua escolha como vice na chapa do prefeito Fernando Haddad (PT). Quarto colocado na eleição paulistana de 2012, Chalita perdeu espaço no PMDB com a chegada da senadora Marta Suplicy, tida como nome mais forte na disputa municipal.

Por fim, a deputada federal Luiza Erundina (SP) já oficializou a decisão de se desfiliar do PSB e ingressar no Movimento Raiz Cidadanista, que inspirado em exemplos do exterior, será um partido e movimento social ao mesmo tempo e terá sua ata de fundação lançada em Porto Alegre, no Fórum Social, no dia 22 de janeiro.

Nenhum comentário: