quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

FHC atribui discurso de Lula à campanha eleitoral

DEU NO VALOR ECONÔMICO

Tucanos reagiram nesta quarta-feira à declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que disse, durante encontro com prefeitos, que há algo errado quando o estado mais rico da federação, São Paulo, governado por José Serra (PSDB), tem 10% de analfabetos. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso rebateu a declaração e disse que Lula está em campanha.

Já o ex-ministro da Educação do governo Fernando Henrique, deputado Paulo Renato de Souza (PSDB-SP), foi mais duro e chegou a chamar Lula de covarde e ridículo. Segundo ele, a média de analfabetismo em São Paulo vem caindo e hoje é de 4,6%. "Um presidente usar dados falsos, com claras intenções eleitoreiras, em qualquer parte do mundo é inadmissível. Foi um ato covarde, dito num ato de campanha eleitoral, sem dar o direito de qualquer pessoa responder para esclarecer que é mentira. Se a média nacional de analfabetismo é 11%, como poderia ser 10% só em São Paulo? Tentaram consertar depois dizendo que sua intenção foi dizer que 10% dos analfabetos estão em São Paulo, mas a emenda ficou pior que o soneto. Lula é ridículo", declarou Paulo Renato, acusando Lula de usar dados falsos, com a clara intenção de prejudicar eleitoralmente o governador José Serra.

Em nota, a Secretaria de Estado da Educação de São Paulo esclarece que o presidente Lula se equivocou sobre os dados relativos a analfabetismo em São Paulo. "Diferentemente da situação em todo o Brasil, que tem taxa de analfabetismo de 10% segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado de São Paulo tem taxa de 4,6%, índice que cai ano após ano, melhorando, assim, o resultado de todo o Brasil. Vale destacar que em idade escolar São Paulo praticamente não tem analfabetos, que se concentram na faixa acima dos 60 anos", diz a nota.

Já José Serra preferiu contemporizar nesta quarta ao se referir à polêmica: "Eu não acho que o presidente tenha tido qualquer tipo de má-fé ou agressividade em relação a São Paulo. Foi uma menção a um número, mas um número errado. O Ministério da educação que errou dando a ele um número de 18 anos atrás. A falha foi do ministério, que deveria ter dado números confiáveis e atualizados ao presidente", disse Serra.

Ontem, por meio de nota, a Secretaria de Imprensa da Presidência da República, buscou minimizar o fato informando que o presidente Lula não se referiu ao índice de analfabetismo de São Paulo, mas sim sobre o total de iletrados brasileiros que residem no Estado. A secretaria enviou números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2007, que mostra que 10,34% dos analfabetos do país estão em São Paulo. Na transcrição do discurso proferido pelo presidente, a Secretaria também acrescentou as palavras "do total", que não foi usada por Lula na frase que criou a polêmica.

Segundo FH, Lula está em campanha e, por isto, tem dado este tipo de declaração. O ex-presidente disse ainda que não há demora do seu partido, o PSDB, para lançar um candidato às eleições presidenciais de 2010. Segundo ele, a discussão sobre a corrida presidencial ganhou força na pauta política devido à exposição de ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, em atividades promovidas pelo governo federal. "Não é que estamos demorando. O presidente Lula é que está se precipitando. Ele (Lula) já está com a candidata em punho andando pelo país todo", afirmou o ex-presidente.

Fernando Henrique lembrou que a legislação eleitoral não permite campanhas antes do prazo legal. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), esse prazo começa em julho de 2010, após a realização das convenções partidárias. "Não sei como vamos sair dessa. Ele (Lula), como é presidente, faz o que quer. Nós, se começarmos a lançar candidato agora, tem processo em cima".

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