Fernando Nakagawa e Fabio Graner
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Ata é mais explícita que anteriores ao indicar nova queda da taxa básica
A taxa básica de juros deve cair mais. A indicação foi dada pela ata da reunião de abril do Comitê de Política Monetária (Copom), que, não deu sinal claro do tamanho dos próximos cortes. No documento divulgado ontem, a autoridade monetária aproveitou para mandar dois recados diretos, um para o governo e outro para o mercado.
Do primeiro, o BC cobrou uma solução urgente do problema da rentabilidade da poupança para que a Selic possa cair mais. Para o mercado, o Copom disse que os juros futuros estão acima do adequado, diante do cenário de inflação para 2009 e 2010. Ou seja, os investidores deveriam trabalhar com juros mais baixos e por mais tempo do que estavam esperando.
Mais assertiva e explícita que as anteriores, a ata de abril deixou mais claro para o mercado que o processo de desaperto monetário deve continuar porque, a despeito da reação recente da atividade, a economia ainda está longe de operar a todo vapor.
Para a direção do BC, a queda da demanda causada pela crise no ano passado gerou "importante margem de ociosidade dos fatores de produção, que não deve ser eliminada rapidamente". Com parte da economia ociosa, cita o texto, a pressão inflacionária é contida, "abrindo espaço para a flexibilização da política monetária". Traduzindo, economia em marcha lenta significa continuidade de juros em queda.
Ao tratar da magnitude do desaperto, o documento assume o velho tom genérico, dizendo apenas que a "distensão monetária adicional" depende da perspectiva para a inflação e leva em conta o atraso da reação da economia às variações da Selic. O risco que sobrou para os índices de preços, avalia o BC, decorre de eventuais pressões de câmbio, commodities e da inércia de inflação decorrente da indexação de contratos.
Mas, muito além da inflação, a ata mostra que a política de juros enfrenta hoje outro obstáculo: a poupança. O BC endureceu o discurso e cobrou uma solução rápida para a rentabilidade das cadernetas. Segundo o BC, a continuidade da queda do juro "torna premente a atualização de aspectos" do arcabouço do sistema financeiro. O texto não cita as cadernetas, mas diz que esses fatores são resultados "do longo período de inflação elevada" no País.
O problema é que a poupança paga juros previstos em lei: TR acrescida de 6% ao ano - uma forma de proteger o pequeno poupador em tempos de inflação alta. Já os fundos de investimento seguem o juro básico. Com a queda da Selic, alguns fundos devem render menos que as cadernetas, o que pode gerar migração para a poupança prejudicando a administração da dívida pública e colocando em risco o equilíbrio dos bancos.
OS RECADOS DO COPOM
Mudar o rendimento da poupança: "O Comitê entende que a continuidade do processo de flexibilização monetária torna premente a atualização de aspectos, resultantes do longo período de inflação elevada, que subsistem no arcabouço institucional do sistema financeiro nacional"
Curva de juros precisa recuar: "O Comitê entende também que a melhora do cenário prospectivo para a inflação em 2009 e em 2010 não foi, até o momento, incorporada na estrutura a termo da taxa de juros""
Cuidado: "A despeito de haver margem para um processo de flexibilização, a política monetária deve manter postura cautelosa, visando a assegurar a convergência da inflação para a trajetória de metas"
Recuperação lenta e mais cortes de juros: "O Comitê entende que o desaquecimento da demanda, motivado pelo aperto das condições financeiras e pela deterioração da confiança dos agentes, ainda que nos dois casos se observe alguma melhora na margem, bem como pela contração da economia global, criou importante margem de ociosidade dos fatores de produção que não deve ser eliminada rapidamente em um cenário de recuperação gradual da atividade econômica. Esse desenvolvimento deve contribuir para conter as pressões inflacionárias, mesmo diante das consequências do processo de ajuste do balanço de pagamentos e da presença de mecanismos de realimentação inflacionária na economia, abrindo espaço para flexibilização da política monetária"
Desindexação: "Os riscos remanescentes para a dinâmica inflacionária derivam da trajetória dos preços de ativos brasileiros, em que pese recuperação recente, associada à recuperação parcial dos preços das commodities, em meio a um processo de estreitamento das fontes de financiamento externo, bem como de mecanismos de reajuste que contribuem para prolongar no tempo pressões inflacionárias observadas no passado, como evidencia o comportamento dos preços dos serviços e de itens monitorados desde o início do ano"
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Ata é mais explícita que anteriores ao indicar nova queda da taxa básica
A taxa básica de juros deve cair mais. A indicação foi dada pela ata da reunião de abril do Comitê de Política Monetária (Copom), que, não deu sinal claro do tamanho dos próximos cortes. No documento divulgado ontem, a autoridade monetária aproveitou para mandar dois recados diretos, um para o governo e outro para o mercado.
Do primeiro, o BC cobrou uma solução urgente do problema da rentabilidade da poupança para que a Selic possa cair mais. Para o mercado, o Copom disse que os juros futuros estão acima do adequado, diante do cenário de inflação para 2009 e 2010. Ou seja, os investidores deveriam trabalhar com juros mais baixos e por mais tempo do que estavam esperando.
Mais assertiva e explícita que as anteriores, a ata de abril deixou mais claro para o mercado que o processo de desaperto monetário deve continuar porque, a despeito da reação recente da atividade, a economia ainda está longe de operar a todo vapor.
Para a direção do BC, a queda da demanda causada pela crise no ano passado gerou "importante margem de ociosidade dos fatores de produção, que não deve ser eliminada rapidamente". Com parte da economia ociosa, cita o texto, a pressão inflacionária é contida, "abrindo espaço para a flexibilização da política monetária". Traduzindo, economia em marcha lenta significa continuidade de juros em queda.
Ao tratar da magnitude do desaperto, o documento assume o velho tom genérico, dizendo apenas que a "distensão monetária adicional" depende da perspectiva para a inflação e leva em conta o atraso da reação da economia às variações da Selic. O risco que sobrou para os índices de preços, avalia o BC, decorre de eventuais pressões de câmbio, commodities e da inércia de inflação decorrente da indexação de contratos.
Mas, muito além da inflação, a ata mostra que a política de juros enfrenta hoje outro obstáculo: a poupança. O BC endureceu o discurso e cobrou uma solução rápida para a rentabilidade das cadernetas. Segundo o BC, a continuidade da queda do juro "torna premente a atualização de aspectos" do arcabouço do sistema financeiro. O texto não cita as cadernetas, mas diz que esses fatores são resultados "do longo período de inflação elevada" no País.
O problema é que a poupança paga juros previstos em lei: TR acrescida de 6% ao ano - uma forma de proteger o pequeno poupador em tempos de inflação alta. Já os fundos de investimento seguem o juro básico. Com a queda da Selic, alguns fundos devem render menos que as cadernetas, o que pode gerar migração para a poupança prejudicando a administração da dívida pública e colocando em risco o equilíbrio dos bancos.
OS RECADOS DO COPOM
Mudar o rendimento da poupança: "O Comitê entende que a continuidade do processo de flexibilização monetária torna premente a atualização de aspectos, resultantes do longo período de inflação elevada, que subsistem no arcabouço institucional do sistema financeiro nacional"
Curva de juros precisa recuar: "O Comitê entende também que a melhora do cenário prospectivo para a inflação em 2009 e em 2010 não foi, até o momento, incorporada na estrutura a termo da taxa de juros""
Cuidado: "A despeito de haver margem para um processo de flexibilização, a política monetária deve manter postura cautelosa, visando a assegurar a convergência da inflação para a trajetória de metas"
Recuperação lenta e mais cortes de juros: "O Comitê entende que o desaquecimento da demanda, motivado pelo aperto das condições financeiras e pela deterioração da confiança dos agentes, ainda que nos dois casos se observe alguma melhora na margem, bem como pela contração da economia global, criou importante margem de ociosidade dos fatores de produção que não deve ser eliminada rapidamente em um cenário de recuperação gradual da atividade econômica. Esse desenvolvimento deve contribuir para conter as pressões inflacionárias, mesmo diante das consequências do processo de ajuste do balanço de pagamentos e da presença de mecanismos de realimentação inflacionária na economia, abrindo espaço para flexibilização da política monetária"
Desindexação: "Os riscos remanescentes para a dinâmica inflacionária derivam da trajetória dos preços de ativos brasileiros, em que pese recuperação recente, associada à recuperação parcial dos preços das commodities, em meio a um processo de estreitamento das fontes de financiamento externo, bem como de mecanismos de reajuste que contribuem para prolongar no tempo pressões inflacionárias observadas no passado, como evidencia o comportamento dos preços dos serviços e de itens monitorados desde o início do ano"
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