DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Para tucanos, ônus de eventual fracasso na campanha será do candidato; Aécio articula para comandar partido
Se houver 2º turno, ideia do PSDB é ampliar comando da campanha e tentar resgatar a imagem do partido
Catia Seabra e Breno Costa
Para tucanos, ônus de eventual fracasso na campanha será do candidato; Aécio articula para comandar partido
Se houver 2º turno, ideia do PSDB é ampliar comando da campanha e tentar resgatar a imagem do partido
Catia Seabra e Breno Costa
DE SÃO PAULO - Apesar do ceticismo que paira sobre seus próprios aliados, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, chega hoje à sua nona eleição dizendo-se certo de que haverá segundo turno e já planeja retomar o ritmo de campanha amanhã mesmo.
"Sei que muitos de vocês não acreditam. Mas tenho certeza de que estarei no segundo turno", disse Serra a íntimos colaboradores, antes mesmo de a candidatura Dilma sofrer abalos.
Expresso numa agenda agitada, esse otimismo preocupa tucanos. Temem que Serra sofra um choque caso a expectativa seja frustrada.
Os tucanos trabalham com as duas hipóteses. Confirmado o segundo turno, Serra deverá convocar aliados já eleitos -como o ex-governador de Minas Aécio Neves- para reforçar a campanha.
"Não poderemos demorar 24 horas. Se houver segundo turno, domingo [hoje] à noite temos uma conversa e segunda [amanhã], reunião", disse Aécio, que promete atuar com maior liberdade em favor de Serra depois de ser eleito.Seja qual for o resultado de hoje, Aécio surge como herdeiro do comando do partido. Segundo tucanos, Geraldo Alckmin -líder nas pesquisas para o governo paulista- não vai impor obstáculos aos projetos de Aécio.
No entanto, a articulação contraria o atual presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra (PE).
"Aécio nunca me disse que quer presidir o partido."
Para evitar o acirramento de uma crise no pós-eleição, o PSDB adiou em seis meses -para maio do ano que vem- suas eleições internas, originalmente programadas para novembro.
"Vai surgir um movimento forte a partir de Minas Gerais, sob a liderança de Aécio. Seja em apoio a Serra ou em oposição a Dilma, esse movimento vai agregar também outros partidos", afirmou o ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga, aliado de Aécio.
ROUPA SUJA
Além da "tomada" do partido por Aécio, que se credencia como nome para as eleições presidenciais de 2014, o que os tucanos anteveem em caso de derrota é uma lavagem de roupa suja.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) já se preocupa com a possibilidade de "declarações precipitadas" e defende que o partido "espere a poeira baixar" pelos próximos três meses.
Em caso de derrota, tucanos também têm como certo que o ônus do fracasso recairá sobre os ombros de Serra, que puxou para si a definição das táticas da campanha.
Nesse sentido, a turbulência persistirá ainda que Serra chegue ao segundo turno.
Tucanos defendem que o comando da campanha seja ampliado, com a convocação de um conselho político.
O tucanato vai pedir que a propaganda exalte as qualidades do PSDB, de maneira que se resgate a imagem do partido.
Temendo o fantasma de 2006 -quando Alckmin teve menos votos no segundo turno-, Serra quer que a campanha permaneça em atividade. A ideia é manter em funcionamento estruturas eleitorais em todo o país.
Se for derrotado já no primeiro turno, Serra deverá passar uma temporada fora do país, a exemplo de 2002.
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