Ao vermos as revoltas populares no norte da África, voltam à memória coletiva, principalmente do Ocidente, as palavras de ordem da Revolução Francesa que verbalizaram o sepultamento do feudalismo e do absolutismo e abriram o caminho para a implantação da democracia representativa.
Mesmo as monarquias que se mantiveram, tais como o Reino Unido, a Suécia e a Espanha, foram limitadas por regimes constitucionais e parlamentaristas. Nada de reinados, emirados, principados e estados teocráticos como os que hoje vemos ser contestados e derrubados na África e Oriente Médio.
Uma das marcas mais reveladoras das autocracias, ditaduras, populismos messiânicos e democracias frágeis é a permanência dos dirigentes máximos para além dos tempos normais da maturidade da sua geração e a transmissão hereditária ou automática do poder. Inevitavelmente, mesmo que no início possam ter respondido por sentimentos sociais e políticos de mudança, chegam, os líderes e os regimes, à degenerescência, à corrupção, à opressão e ao engessamento dos avanços da civilização.
É o medo do novo, das novas gerações, do surgimento de novos agentes políticos e sociais, de novas tecnologias, de novas formas de ver o mundo e de vivê-lo. Nesse medo da mudança misturam-se numa lógica perversa costumes, religião e política.
Basta ver a figura caricata de Muammar Gaddafi esbravejando, ameaçando com a fúria do inferno seus opositores, vestindo aquelas túnicas e turbantes, com a pele esticada pelas provavelmente incontáveis cirurgias plásticas, como que desejando parecer imortal, um deus. Um louco.
Guardadas as devidas proporções, sem a virulência e a maldade inerentes às ditaduras que estamos vendo ser questionadas no norte da África, mas decorrentes ainda de sua democracia frágil, no Brasil pode-se observar semelhanças que também retratam tentativas esclerosadas de manutenção do poder.
Mesmo com eleições ainda vemos a transmissão quase hereditária de poder em alguns Estados e Municípios; a manutenção de uma estrutura ultrapassada e medieval nos serviços públicos; a existência ainda de cargos e mandatos vitalícios e, pior, a prática de atos bárbaros, da mesma estirpe das atrocidades de Gaddafi, tanto por bandidos como por forças policiais.
Já se vão séculos desde quando embalaram revoluções, mas são sentimentos e conceitos que permanecem e permanecerão sempre importantes para serem lembrados e aplicados, aqui, no norte da África e em todo o mundo:
Liberdade, Igualdade e Fraternidade!
Urbano Patto, Arquiteto Urbanista e Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, membro do Conselho de Ética do Partido Popular Socialista -PPS- do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@hotmail.com.
FONTE: JORNAL DA CIDADE (PINDAMONHANGABA /SP)
Mesmo as monarquias que se mantiveram, tais como o Reino Unido, a Suécia e a Espanha, foram limitadas por regimes constitucionais e parlamentaristas. Nada de reinados, emirados, principados e estados teocráticos como os que hoje vemos ser contestados e derrubados na África e Oriente Médio.
Uma das marcas mais reveladoras das autocracias, ditaduras, populismos messiânicos e democracias frágeis é a permanência dos dirigentes máximos para além dos tempos normais da maturidade da sua geração e a transmissão hereditária ou automática do poder. Inevitavelmente, mesmo que no início possam ter respondido por sentimentos sociais e políticos de mudança, chegam, os líderes e os regimes, à degenerescência, à corrupção, à opressão e ao engessamento dos avanços da civilização.
É o medo do novo, das novas gerações, do surgimento de novos agentes políticos e sociais, de novas tecnologias, de novas formas de ver o mundo e de vivê-lo. Nesse medo da mudança misturam-se numa lógica perversa costumes, religião e política.
Basta ver a figura caricata de Muammar Gaddafi esbravejando, ameaçando com a fúria do inferno seus opositores, vestindo aquelas túnicas e turbantes, com a pele esticada pelas provavelmente incontáveis cirurgias plásticas, como que desejando parecer imortal, um deus. Um louco.
Guardadas as devidas proporções, sem a virulência e a maldade inerentes às ditaduras que estamos vendo ser questionadas no norte da África, mas decorrentes ainda de sua democracia frágil, no Brasil pode-se observar semelhanças que também retratam tentativas esclerosadas de manutenção do poder.
Mesmo com eleições ainda vemos a transmissão quase hereditária de poder em alguns Estados e Municípios; a manutenção de uma estrutura ultrapassada e medieval nos serviços públicos; a existência ainda de cargos e mandatos vitalícios e, pior, a prática de atos bárbaros, da mesma estirpe das atrocidades de Gaddafi, tanto por bandidos como por forças policiais.
Já se vão séculos desde quando embalaram revoluções, mas são sentimentos e conceitos que permanecem e permanecerão sempre importantes para serem lembrados e aplicados, aqui, no norte da África e em todo o mundo:
Liberdade, Igualdade e Fraternidade!
Urbano Patto, Arquiteto Urbanista e Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, membro do Conselho de Ética do Partido Popular Socialista -PPS- do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@hotmail.com.
FONTE: JORNAL DA CIDADE (PINDAMONHANGABA /SP)
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