Ao arquivar denúncias, Conselho de Ética evitaria novo "homem-bomba"
Gerson Camarotti
BRASÍLIA. Além do espírito de corpo, ameaças de deputados do PR pesaram na decisão do Conselho de Ética da Câmara, presidido por José Carlos Araújo (PDT-BA), de arquivar, por 16 votos a 2, as acusações contra Valdemar Costa Neto (PR-SP), sem nem abrir investigação sobre a suspeita de participação no esquema de irregularidades. Segundo relatos feitos por integrantes do PR ao GLOBO, Valdemar poderia se transformar numa espécie de novo "homem-bomba" se fosse abandonado pelo governo e seus aliados no Congresso. Colegas de Valdemar faziam referência ao deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que denunciou o mensalão em 2005, ao se sentir preterido pelo Palácio do Planalto.
O recado do PR chegou para as bancadas da base aliada e até mesmo ao núcleo do governo. Um deputado do partido lembrou que Valdemar tinha toda a memória das negociações com o PT nas eleições de 2002 e 2006, quando o ex-presidente Lula foi candidato, e em 2010, quando a presidente Dilma Rousseff foi eleita. Na primeira eleição, em 2002, ele chegou a admitir que negociou pelo então PL um financiamento pelo caixa dois. Na ocasião, o PR indicou José Alencar para ser o vice de Lula.
A assessoria do deputado Valdemar Costa Neto negou que houve ameaça por parte dele. Se ocorreu ameaça por parte de deputados do PR, disse a assessoria, foi por conta própria deles.
Valdemar é também réu no processo do mensalão, e em 2005 renunciou ao mandato para escapar da cassação e não perder seus direitos políticos. Foi eleito novamente deputado em 2006 e 2010.
FONTE: O GLOBO
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