Planalto já começa a assediar partido criado por Kassab, que deve ter a quarta maior bancada da Câmara
Cristiane Jungblut e Adriana Vasconcelos
BRASÍLIA e SÃO PAULO. De olho no apoio da quarta maior bancada da Câmara, o Planalto já começou a assediar o PSD. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse ontem que quer o PSD nas tradicionais reuniões dos partidos aliados, às terças-feiras, geralmente com a presença da ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais). Para Vaccarezza, é natural que o PSD se alinhe com a base governista, argumentando que a maior parte dos deputados do novo partido votou com o governo em temas importantes no Parlamento.
Vaccarezza disse que vai conversar com o líder do PSD, deputado Guilherme Campos (SP), para formalizar o convite para que a sigla seja um "participante-convidado" dos almoços:
- A criação do PSD é o maior fenômeno político do ano em termos partidários. Você criar um partido com essa dimensão, que espera que tenha em torno de 50 deputados, sem tempo de TV, é uma verdadeira proeza! Eles já se definiram como partido de centro, independente, e querem viabilizar uma Constituinte. Do ponto de vista do governo, temos uma avaliação positiva, a maioria dos deputados do PSD votou com o governo.
Mas, por enquanto, o PSD manterá o discurso de independente, apesar de rasgados elogios do criador do partido, prefeito Gilberto Kassab (SP), à presidente Dilma Rousseff e até ao possível apoio à sua reeleição.
- Agradeço muito a deferência do líder Vaccarezza. Mas, dentro de uma característica de independência. não cairia bem já estarmos participando de uma reunião que seja da base. Mais para frente, quem sabe? O nosso momento é de consolidação. E o partido foi criado com uma condição de independente. Não nascemos com o rótulo de adesista-governista - disse Guilherme Campos, que fez campanha para o tucano José Serra, mas disse que Dilma está fazendo um governo que está dando certo.
A meta é garantir filiação de pelo menos 50 deputados, conquistando a quarta maior bancada na Câmara. Mas já há planos de passar o PSDB - em terceiro, com 53 deputados -, chegando a 55 ou 60 num curto prazo.
Numa segunda etapa, os dirigentes vão brigar por recursos do fundo partidário e tempo de TV, o que, segundo o secretário-geral do partido, Saulo Queiroz, terá que levar em conta os votos recebidos por seus filiados na eleição passada e a bancada de deputados federais.
A briga, se vitoriosa, renderá ao PSD este ano algo em torno de R$5,7 milhões, só pelos últimos três meses de 2011. Os recursos sairiam de partidos que ficaram menores, como o DEM.
- É legítimo, já que a legislação eleitoral garante o direito de parlamentares migrarem para um novo partido. Depois vamos brigar por um tempo de TV proporcional à nossa bancada na Câmara, que poderá ficar entre 55 e 58 deputados - adiantou Saulo Queiroz, ex-DEM.
Especialista em Direito Eleitoral, o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral Fernando Neves crê que o TSE terá de se pronunciar a respeito dessas questões:
- A meu ver, parece que eles (o PSD) têm direito a fundo partidário e a tempo de televisão. O Tribunal Superior Eleitoral terá que decidir. O PSD não é mais virtual e nasce com uma força política grande.
FONTE: O GLOBO
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