Conselho Nacional Sírio exorta russos e chineses a reverem posição; para desertores, luta armada tornou-se "único caminho"
Jamil Chade
GENEBRA - Ao vetarem uma resolução no Conselho de Segurança da ONU que condenava os massacres na Síria, China e Rússia concederam ao ditador Bashar Assad uma "licença para matar". A acusação foi feita ontem pelo Conselho Nacional Sírio (CNS), grupo que reúne diferentes facções da oposição, revoltado com o veto na ONU.
O CNS exortou Moscou e Pequim a mudar de posição imediatamente. Já o braço armado da oposição síria, formado por desertores do Exército de Assad, afirmou que, diante do impasse na ONU, a via militar transformou-se no "único caminho viável" para "proteger a população" das forças de Damasco.
Aos olhos da oposição, o impasse na ONU no dia seguinte ao que eles descrevem como o maior massacre em 11 meses de revolta síria, em Homs, é um sinal claro da "irresponsabilidade" de governos como da China e Rússia. O CNS fala que mais de 260 pessoas foram mortas por tropas de Assad entre sexta-feira e sábado nessa cidade.
"Vamos considerar esses países como responsáveis pela escalada de mortes e pelo genocídio", afirmou o grupo em um comunicado. "Consideramos esse voto como uma atitude irresponsável, como uma licença para matar dada ao regime sírio, sem ter de dar satisfações", completou. Para o CNS, China e Rússia não têm direito de frear "a vontade do povo sírio".
Para o comandante do Exército de Libertação da Síria, Riad Al-Asaad, o veto da China e Rússia na ONU apenas intensificará o conflito. Pequim alegou que vetou a resolução para justamente evitar mais mortes. Moscou opõe-se à imposição de um embargo de armas à Síria e considerou o texto demasiadamente brando com os grupos armados que atacam forças e autoridades do governo sírio.
"Agora não há outro caminho", disse Asaad, indicando que a opção militar é a "única" estratégia viável que resta aos desertores. "Consideramos que a Síria está ocupada por uma gangue criminosa e precisamos libertar nosso país", afirmou o comandante, segundo a agência Associated Press. "Esse regime não entende a língua da política. Só a da força", completou.
No final de 2011, o Conselho Nacional Sírio reverteu sua decisão, tomada há um ano, de que rejeitaria a opção armada para depor Assad. Extraoficialmente, a organização política uniu forças ao Exército de Libertação da Síria, formado por fileiras de soldados que desertaram do Exército de Assad.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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