Ex-governador recebe votação abaixo da prevista, mas diz que partido terá agora "uma só voz, um só trabalho"
O ex-governador José Serra venceu ontem a prévia tucana e foi escolhido pré-candidato a prefeito de São Paulo pelo PSDB. Serra ficou com 52,1% dos votos dos 6.229 eleitores. Em segundo lugar, ficou o secretário José Aníbal, com 31,2% dos votos, seguido pelo deputado Ricardo Tripoli, com 16,7%. A disputa foi mais acirrada do que se previa. Coordenadores da campanha de Serra esperavam, no mínimo, 55% dos votos. Serra contou com a apoio do governador Geraldo Alckmin e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ao lado de Aníbal e Tripoli, Serra destacou a unidade do partido. "A partir de hoje, uma só voz, um só trabalho e a vitória para o povo de São Paulo", declarou. Fernando Henrique disse que, se o governo federal entrar de cabeça na campanha para defender o candidato do PT, pode se "quebrar".
Serra vence prévia do PSDB com 52% dos votos e dirigentes pedem unidade
Bruno Boghossian, Julia Duailibi
O ex-governador José Serra venceu ontem a prévia tucana e será o candidato a prefeito de São Paulo pelo PSDB. A disputa interna mostrou um partido dividido: Serra teve 52,1% dos votos dos 6.229 filiados. Em segundo lugar ficou o secretário estadual José Aníbal (Energia), com 31,2% dos votos, seguido pelo deputado federal Ricardo Tripoli, com 16,7%. Foi a primeira vez que o partido fez prévia para escolher um candidato a prefeito.
A votação de Serra, que já foi prefeito, governador e candidato a presidente da República pelo PSDB duas vezes, frustrou os coordenadores da sua campanha, que esperavam, no pior cenário, pelo menos 55% dos votos. O tucano obteve 3.176 votos, uma diferença de apenas 256 votos dos outros dois adversários somados. O partido conta com cerca de 21 mil filiados, mas os próprios dirigentes não esperavam mais do que 5 mil votantes.
A articulação feita pelos serristas, com o apoio do governo do Estado - secretários do governador Geraldo Alckmin estavam envolvidos diretamente na disputa pró Serra -, almejava chegar a 80% dos votos. Alckmin declarou voto a Serra há duas semanas e ontem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também declarou apoio a ele. Nas últimas semanas, no entanto, diante da força de Aníbal na zona sul, o porcentual começou a ser revisto para cerca de 65%.
Análises. Enquanto aliados de Aníbal e Tripoli apontavam um partido dividido, os serristas justificavam a votação abaixo do esperado alegando que faltou tempo para que pudessem convencer a militância de que Serra era o melhor candidato. "Poderia ter sido melhor", admitiu um dos coordenadores da campanha. "Aníbal e Tripoli fizeram campanha por quase um ano e o Serra por um mês."
Após a divulgação do resultado, Serra destacou a unidade do PSDB, ao lado de Aníbal e Tripoli. "Saímos desse processo unidos. A partir de hoje, uma só voz, um só trabalho e a vitória para o povo de São Paulo", declarou.
De mãos dadas com o ex-governador, Tripoli e Aníbal, publicamente, exaltaram a unidade do partido. "No início do processo de prévia, disse que aquele que vencesse teria o apoio dos demais. Promessa feita, promessa cumprida", afirmou Tripoli. "O partido sai muito fortalecido da prévia, inclusive e, principalmente, na sua unidade", declarou Aníbal. Nos bastidores, porém, parte dos tucanos admite que há riscos de os dois se afastarem da campanha de Serra.
Dirigentes do PSDB negaram que o placar tenha sido ruim para Serra. "Sempre alguém vai ter mais voto ou menos voto. É por isso que você faz a prévia", disse Alckmin. "O número não é o problema. A prévia cumpriu seu papel, o de promover a unidade do partido", minimizou o presidente do PSDB, Sérgio Guerra.
Serra disputará a Prefeitura pela quarta vez. Foi candidato em 1988, 1996 e 2004. Eleito prefeito, renunciou ao cargo um ano e três meses depois para disputar o governo do Estado.
O tucano não pretendia concorrer à Prefeitura, mas se viu pressionado a entrar na disputa depois que um de seus principais aliados, o prefeito Gilberto Kassab, ameaçou apoiar o candidato do PT, Fernando Haddad. Também pesou na sua decisão o então isolamento que vivia no partido, desde a derrota na corrida presidencial em 2010.
Kassab telefonou para Serra ontem à noite e o parabenizou. "Agora, devemos ter um prazo de cerca de 45 dias pra definir o nome do vice",disse o prefeito.
Críticas ao PT. Em seu discurso, Serra criticou indiretamente o PT e a gestão de Marta Suplicy (2001-2004), evidenciando uma das linhas que adotará na campanha. "Eles se especializaram em gritaria, conversa mole, cooptação e no uso da máquina pública para servir aos interesses de um partido", disse. O tucano falou que ao assumir a Prefeitura, em 2005, a cidade estava "falida" e que havia "fila de credores" para receber pagamentos. "Vamos ter que mostrar, não atacando, mas para deixar claro a diferença entre nós e eles."
O ex-governador tentou destacar a parceria com Alckmin. "Como prefeito, a parceria principal, fundamental, é com o governo do Estado", disse ele.
Alckmin chancelou o discurso de Serra. "Vamos fazer uma boa dobradinha: o Marcos ou Neymar. Luis Fabiano ou Liédson. Podem escolher. Serra está preparado para ser o melhor prefeito da história de São Paulo", afirmou, citando nomes de jogadores de clubes paulistas.
Criticado por adversários por "nacionalizar" a disputa na capital, Serra deu enfoque local ao discursar, citando números e bairros da cidade. "É uma eleição local. Muitos tentarão fugir disso", declarou, ao mencionar a "folha de serviços" prestados à cidade na sua gestão.
Colaboraram Isadora Peron e Felipe Frazão
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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