segunda-feira, 26 de março de 2012

Para Guerra, decisão paulistana fortalece projeções do partido

Raymundo Costa

BRASÍLIA - A candidatura de José Serra a prefeito de São Paulo deu um novo ânimo ao PSDB e às oposições, ameaçadas de perder, em conjunto, cerca de mil prefeituras nas próximas eleições municipais, segundo projeções preliminares feitas nesses partidos. "O problema do PSDB era não ser competitivo em São Paulo, pois, em geral, estamos bem resolvidos em todo o país", diz o presidente nacional tucano, deputado Sérgio Guerra (PE).

O PSDB espera crescer sobretudo nos oito Estados governados por tucanos: São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Alagoas, Pará, Tocantins e Roraima. Nas avaliações do PSDB, o PT e o PSB são os dois partidos da base aliada que mais devem crescer, sobretudo em cima dos partidos da base aliada, como o PMDB. Um fato que pode provocar uma reestruturação na relação de forças partidárias em nível nacional. Um pouco maior ou menor, o PSDB continuará sendo a alternativa de poder ao PT, na opinião de Sérgio Guerra.

São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, é o principal reduto eleitoral dos tucanos, sobretudo depois de 2004, quando o PSDB desbancou o PT da prefeitura da capital - o atual prefeito, Gilberto Kassab, é aliado de Serra mas considera a administração da cidade, nas gestões dele e de Serra, uma coisa só. O risco, agora, era o PSDB entrar na eleição de São Paulo com um candidato sem condições de ameaçar a chapa que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está montando justamente para desalojar os tucanos de sua principal base eleitoral, tendo à frente o ex-ministro Fernando Haddad.

Na opinião de Sérgio Guerra, a candidatura de José Serra surpreendeu o PT, tanto que o partido preferiu apostar na formação de um novo nome para a competição. Com Serra, ex-prefeito, governador e candidato derrotado em duas eleições presidenciais, o presidente do PSDB acredita que a tendência da candidatura Fernando Haddad é de "isolamento" - PSB e PCdoB, por exemplo, integram a base governista nacional do PT, mas não são peças certas na composição da chapa de Fernando Haddad.

Guerra também acredita que a candidatura de Serra pode ajudar a pacificar o partido. "A candidatura do Serra é necessária para o PSDB de São Paulo e é necessária para o PSDB de todo o país", afirmou o presidente do PSDB. Guerra é reconhecidamente um aliado da candidatura do senador Aécio Neves (MG) a presidente da República, em 2014, mas também dúvidas que o PSDB pareceria um partido menor, se não se apresentasse um nome de peso nacional em São Paulo - isso sem emitir nenhum juízo de valor sobre os demais candidatos às prévias.

O PSDB espera chegar em 2014 com pelo menos 80% do cadastro de filiados do partido em ordem, a fim de que os tucanos possam realizar prévias efetivamente representativas. Ele nega que a direção nacional esteja pensando em antecipar a prévia para a indicação do candidato presidencial para o primeiro semestre de 2013, o que os aliados de Serra consideram que seria um golpe para neutralizar qualquer veleidade do tucano em disputar novamente no Palácio do Planalto em 2014. Se for eleito em outubro, ele mal terá se instalado na cadeira de prefeito, no primeiro semestre de 2013.

Guerra acha que a eleição de outubro terá um caráter marcadamente municipal e nem terá influência no resultado da eleição presidencial, dois anos depois. "Elas não são relevantes para a eleição de governador e de presidente da República", diz. São inúmeros os exemplos de governadores que perderam a eleição mesmo tendo a maioria dos prefeitos. A influência de 2012, segundo o presidente tucano, será no desempenho do partido nas eleições proporcionais: quanto mais prefeitos e vereadores o partido eleger, maior pode ser o tamanho da bancada de deputados federais.

O tamanho da bancada federal dos partidos é o que determina, segundo a legislação eleitoral, o tempo de rádio e televisão que cada sigla terá no horário eleitoral gratuito e seu percentual do fundo partidário. São dois dos principais fatores para o crescimento de um partido.

Nas avaliações feitas pelo PSDB, na região Sul o partido deve permanecer mais ou menos como está no Rio Grande do Sul, diminuir em Santa Catarina e crescer no Paraná. O problema em Santa Catarina é que os tucanos perderam gente para o PSD do prefeito Gilberto Kassab.

No Sudeste, a expectativa também é de crescimento em Minas Gerais (cerca de mais 40 prefeitos), São Paulo (mais ou menos 10 a mais) e no Espírito Santo (cerca de 10). Nesses três Estados, o PSDB entra com candidatos competitivos na capitais, muito embora em minas o nome seja o do atual prefeito, Marcio Lacerda, que é do PSB. Na região, o Rio de Janeiro continua sendo o calcanhar de aquiles do PSDB.

No Centro-Oeste a projeção é de crescimento em Goiás, governado por um tucano, no Tocantins e nos dois Mato Grosso. No Nordeste, existe uma aposta na aliança com o DFM de Antonio Carlos Magalhães Neto (ACM Neto), na Bahia, ou a candidatura própria de Antonio Imbassahy. As oposições estão um pouco mais confiantes em Salvador, por causa do bom desempenho na pesquisa de ACM Neto e de Imbassahy.

Em Pernambuco, outro colégio eleitoral importante, as melhores chances estão no entorno de Recife. Se João Alves conseguir passar ileso de uma denúncia de crime eleitoral, é favorito em Aracaju (SER). Espera também ficar com a prefeitura de Teresina, onde sempre foi forte. No Norte, aposta em Belém, capital do Pará, Estado governado pelo partido.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

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