segunda-feira, 26 de março de 2012

João da Costa se queixa da "violência" que sofre dentro do próprio PT

Prefeito se diz vítima de "violência" do PT

PT X PT João da Costa tem encontro casual com Maurício Rands e, visivelmente irritado, reclama do processo de lançamento do nome do correligionário à sua revelia e "na surdina"

Álvaro Filho

Após o primeiro encontro que teve com o deputado federal Maurício Rands (PT) depois que o parlamentar anunciou sua disposição de disputar a indicação do PT como candidato à Prefeitura do Recife, o prefeito João da Costa classificou como inadmissível a "violência" com que vem sendo tratado pelo próprio partido. Ele avisou que não vai correr da briga e seguirá até o fim, dando a impressão que ser candidato à reeleição, agora, é uma questão de honra. "E eu vou ganhar a prévia, pois há um sentimento entre os filiados e que o que estão fazendo comigo não é justo", afirmou, convicto. João da Costa também contou que sua indignação foi tão grande que ele procurou pessoalmente o presidente estadual do PT, deputado Pedro Eugênio, para revelar seu descontentamento sobre o lançamento de outro nome sem o partido ter a "decência" de informá-lo.

O encontro entre Costa e Rands aconteceu no sábado, durante a festa de aniversário do empresário Janguiê Diniz, no seu apartamento, em Boa Viagem. E deixou claro que a disputa pelo poder no ninho petista – e por uma receita na ordem de R$ 5 bilhões que deve "pingar" nos cofres da PCR – não vai ser nada amistosa. Foi uma conversa breve, mas intensa. Pouco antes do prefeito e do deputado, outros dois nomes petistas cotados para a PCR – o senador Humberto Costa e o deputado federal João Paulo – estiveram no local, mas talvez farejando o cheiro de pólvora, passaram pouco tempo e saíram de fininho.

Rands chegou primeiro e circulou pelo salão com pinta de candidato, entre abraços, beijos e sessões de fotos, sem mostrar pudor com o "prefeito" com o qual as pessoas o tratavam. Até a esposa do petista, Patrícia, foi insistentemente chamada de "primeira-dama". Preso à agenda administrativa, Costa chegou pouco mais tarde. Após um primeiro contato visivelmente constrangedor com Rands, um arremedo de abraço, cada um foi para um lado.

Pouco depois, Rands tomou a iniciativa da aproximação. Num cantinho do salão, o que se viu por cerca de dez minutos foi um indignado João da Costa se queixar sobre o lançamento de um nome alternativo à sua revelia e, segundo ele, na surdina. Ao ponto de ter sido "informado" do fato pela imprensa. "Quem tem que avaliar minha gestão não é PT, mas o povo", ponderou. Rands tentou retrucar. Disse a decisão não era uma crítica ao trabalho do prefeito, mas uma forma de buscar unidade no PT e na Frente Popular. Costa não engoliu a conversa. Com o rosto avermelhado e gesticulando a mão que segurava um copo de caipirosca, continuou o sermão. Quando as primeiras máquinas fotográficas e celulares começaram a registrar o encontro, ele se desfez.

Na saída, Rands tentou desfazer a impressão de embate público. Mas deixou claro que, ao contrário do que dizem, é um político cunhado para o confronto. "O nosso campo deu todo o apoio para o prefeito construir a união, mas ele não conseguiu. Agora, o sentimento é que eu sou o nome para isso. Não propus a candidatura, ela foi conclamada e vou lutar por ela", avisou.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

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