Superávit de US$ 2,88 bilhões, o segundo maior no ano, não pode ser considerado indicador de recuperação do comércio exterior
Renata Veríssimo
BRASÍLIA - Depois de um valor pífio em junho, a balança comercial brasileira fechou julho com o segundo melhor superávit mensal do ano: US$ 2,88 bilhões. O resultado, no entanto, não pode ser considerado uma recuperação do comércio exterior. Os dados estão afetados pela greve da Receita Federal e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que tem atrasado os despachos aduaneiros nos portos do País.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) espera o fim da paralisação para traçar um cenário mais claro para a balança comercial neste semestre. "Eu não sei ainda o que tem de inflexão em relação à paralisação. A gente vai esperar normalizar o quadro para fazer uma análise tranquila, clara e serena do processo", afirmou o secretário executivo do MDIC, Alessandro Teixeira.
Ele não descarta a possibilidade de ter que reduzir a meta de exportação para este ano, de US$ 264 bilhões. Segundo ele, o movimento grevista prejudica o registro tanto das exportações quanto das importações, mas deve impactar mais os dados das compras internacionais.
As exportações somaram em julho US$ 21 bilhões e as importações, US$ 18,12 bilhões, queda em ambos os casos na comparação com julho de 2011, quando foram registrados recordes para o mês. A média diária das vendas externas somou US$ 954,8 milhões, com retração de 9,9%. A média diária das importações foi de US$ 823,9 milhões, 9,5% menor que julho do ano passado.
A secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, não acredita em uma recuperação vigorosa da balança nos próximos meses. "Não quer dizer que quando acabar o movimento de greve haja um aumento tão expressivo da média diária em função, exatamente, do cenário externo difícil que tivemos este ano. Pode se esperar alguma recuperação em termos de média diária no mês seguinte ao fim da operação na Receita e na Anvisa", disse.
Mesmo com o bom saldo de julho, o superávit comercial nos primeiros sete meses de 2012 somou US$ 9,95 bilhões, 38,2% a menos que no mesmo período do ano passado. As importações no ano foram recordes para o período ao somarem US$ 128,27 bilhões, alta de 3,1% em relação ao mesmo período de 2011. As exportações foram de US$ 138,22 bilhões, com queda de 1,7 %.
Teixeira afirmou que, embora o cenário seja de redução do crescimento do comércio exterior, as transações brasileiras ainda estão em patamar elevado. Tatiana destaca que 2011 foi um ano excepcional para o comércio exterior brasileiro, o que torna a base de comparação alta.
Teixeira disse que pode haver redução das importações no segundo semestre, em função da desaceleração do consumo interno e do dólar mais caro.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário