quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Paes rompe tradição de Cabral e vai a debates

Paola de Moura e Guilherme Serodio

RIO - Um prefeito com 54% de intenções de voto e 20% de rejeição, segundo pesquisa do Datafolha divulgada em 21 de julho, Eduardo Paes (PMDB) tinha tudo para repetir a estratégia de não comparecer aos debates de televisão adotada pelo seu amigo e colega de partido, o governador reeleito com 63% dos votos, Sérgio Cabral (PMDB). Mas o prefeito do Rio, decidiu "dar a cara a tapa" e ficar frente à frente com seus opositores. Hoje será o primeiro enfrentamento, no debate promovido pela Rede de TV Bandeirantes.

O coordenador da campanha do prefeito, o deputado federal Pedro Paulo (PMDB) reconhece que, normalmente, quem lidera as pesquisas não participa de debates. "Já assumimos o compromisso com todas as emissoras que promoverão os debates. Nós estamos encerrando o quarto ano de governo com a cabeça erguida. Não temos o que esconder, ao contrário temos muito orgulho do que fizemos", afirma.

No debate de hoje, Paes será o alvo preferencial dos quatro principais candidatos da oposição. Em eventos que reuniram Marcelo Freixo (PSOL), Rodrigo Maia (DEM), Aspásia Camargo (PV) e Otávio Leite (PSDB), os candidatos mantiveram um clima amistoso entre si, mas não pouparam críticas ao atual prefeito. "Bater em quê? Para nós é ótimo, não tem problema nenhum", responde Pedro Paulo.

Para a historiadora e professora da Fundação Getulio Vargas no Rio Angela de Castro Gomes, o cenário político e social atual é bem diferente do enfrentado por Cabral há dois anos. "A cada dia a sociedade brasileira tem exigido, em vários tipos de movimentos, como o do Ficha Limpa, transparência de seus representantes. Quanto mais o comportamento do político traduzir este anseio, melhor avaliado ele será", analisa. "Ir a um debate traz riscos sim, de errar no tom, de ser mal entendido, mas também pode ter um ganho ao se comunicar", explica. "Já se não participar, só terá perdas. E não é possível estimar de que tamanho serão".

O professor de Marketing e Pesquisa da ESPM Eugênio Giglio lembra que a rejeição de Paes é menor que a do deputado Rodrigo Maia, 20% contra 31%. "Isto é positivo, mostra que a população aprova seu governo. Normalmente, é o prefeito quem tem a maior rejeição", afirma. "Logo, sua aparição na televisão será positiva. Ele têm projetos a mostrar. Uma lista de obras interminável, clínicas da família, creches, bilhete único, uma série de intervenções na cidade que permitirão que ele fale positivamente de qualquer assunto. Vai defender a continuidade". Para o professor, Paes ainda tem outra vantagem, ele é um político experiente, foi deputado federal por dois mandatos e venceu de virada o ex-deputado Gabeira em 2008.

O professor diz ainda que enquanto na TV, Eduardo Paes, terá 16 minutos de propaganda eleitoral gratuita, Rodrigo Maia terá 3,5 minutos e Freixo, apenas 1,14. "No debate, o tempo é igual. Se ele sair, estará dando mais oportunidade a seus opositores". A propaganda eleitoral gratuita só começa em 21 de agosto. Em julho, o Ibope mediu a audiência da série de entrevistas dos candidatos feitas pelo SBT. A entrevista com Marcelo Freixo registrou sete pontos enquanto a participação de Paes marcou cinco pontos. Cada ponto corresponde a 36 mil aparelhos sintonizados no programa. Ou seja, Freixo foi assistido por 252 mil famílias e Paes por 180 mil.

"A campanha na TV é prioridade de todo candidato. É um veículo importantíssimo", avalia Pedro Paulo. "Mas também esperamos a força da militância nas ruas. Nossa estratégia é ter 80% da agenda de dia de semana como prefeito e 20% candidato. No fim de semana essa conta se inverte", diz o coordenador.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

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