O revisor do processo
do mensalão no STF, Ricardo Lewandowski, seguiu Joaquim Barbosa e condenou
Valdemar Gosta Neto - ex-presidente do PL, hoje PR - por corrupção passiva,
lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Com os dois votos, dificilmente o
deputado escapará da condenação ao final do julgamento. Também foram condenados
ontem, por formação de quadrilha, Pedro Corrêa, João Cláudio Genú e Enivaldo
Quadrado.
Lewandowski condena
Costa Neto por 3 crimes e outros 2 réus do antigo PL
Felipe Recondo, Mariângela Gallucci, Eduardo Bresciani e Ricardo Brito
BRASÍLIA - O voto do revisor do processo do mensalão no Supremo Tribunal
Federal, ministro Ricardo Lewandowski, deixou mais perto da condenação o
deputado Valdemar Costa Neto - ex-presidente do PL (hoje PR) - pelos crimes de
corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Lewandowski
acompanhou o entendimento do relator, ministro Joaquim Barbosa. Com os dois
votos contrários, dificilmente Valdemar se livrará da condenação.
Na sessão de ontem, Lewandowski também condenou por formação de quadrilha
Pedro Corrêa, ex-presidente do PP, João Cláudio Genú, ex-assessor do partido, e
o sócio da corretora Bônus Banval Enivaldo Quadrado. Na semana passada, o
revisor já havia condenado Corrêa por corrupção passiva por ter recebido
dinheiro do esquema. O revisor condenou o ex-deputado Bispo Rodrigues (PL-RJ)
por corrupção passiva, por ter sacado recursos do mensalão, mas absolveu o
ex-parlamentar da acusação de que teria lavado o dinheiro recebido.
Costa Neto foi acusado de ter recebido a maior quantia do mensalão - R$ 8,8
milhões - por ser deputado e presidente do PL na época. "O réu Valdemar
Costa Neto recebeu valores do corréu Marcos Valério em razão de sua condição de
parlamentar, o que configura recebimento de vantagem indevida, condição
suficiente para indicar prática de corrupção passiva segundo entendimento dessa
Corte nesta ação penal", afirmou Lewandowski. O ministro evitou se
pronunciar sobre as acusações de que o dinheiro serviria para a compra de votos
no Congresso.
Além disso, Lewandowski considerou que o deputado se valeu de uma empresa -
a Garanhuns - para ocultar a origem criminosa do dinheiro, repassado pela SMPB,
empresa de Valério. "Houve um contrato simulado para justificar esse
trânsito de milhões de reais por esta empresa", afirmou. "Essa
Garanhuns, a meu ver, era uma verdadeira lavanderia de dinheiro para o repasse
de dinheiro aos integrantes do PL."
O revisor também votou a favor da condenação de Jacinto Lamas, ex-tesoureiro
do PL. "Jacinto Lamas era uma pessoa fundamental nesse esquema, de
absoluta confiança de Valdemar Costa Neto, um dos fundadores do PR, e viajava
com frequência a Belo Horizonte para receber o "cash", o
dinheiro." Seguindo pedido do Ministério Público, o relator absolveu
Antonio Lamas, ex-assessor do PL, por falta de provas.
Amanhã, Lewandowski deve concluir seu voto com a condenação do presidente do
PTB, Roberto Jefferson, e do ex-deputado José Borba (PMDB) por corrupção passiva.
Eles receberam recursos do mensalão e foram condenados por Barbosa. Mas, ao
contrário do relator, Lewandowski pode absolvê-los da acusação de lavagem.
Divergências. Apesar de concordarem no essencial, Lewandowski e Barbosa
discordaram em pontos específicos. O relator chegou a interromper o colega para
questioná-lo por que estava condenando Costa Neto por lavagem se tinha
absolvido Correa. "Acho que o senhor Valdemar Costa Neto vai reclamar, e
com razão", disse Barbosa. Lewandowski afirmou que os casos são diferentes
e que, no caso do deputado do PR, houve ação deliberada para omitir os
recursos.
O revisor discordou também sobre a situação de Breno Fischberg, o segundo
sócio da corretora Bônus Banval. Lewandowski absolveu o réu, acusado de lavar o
dinheiro que era repassado por Valério a parlamentares do PP.
Lewandowski concordou com o relator e condenou Genú pelo crime de corrupção
passiva e formação de quadrilha. No entanto, ele absolveu o réu da acusação de
lavagem. Para Lewandowski, o assessor não era um "mero intermediário"
no repasse de recursos. O ex-assessor do PP foi encarregado pelo ex-líder da
legenda José Janene e pelo ex-presidente do partido Corrêa de fazer os repasses
à sigla, num total de R$ 4,1 milhões.
As diferenças entre as posições de Lewandowski e Barbosa serão analisadas
pelos demais ministros a partir de amanhã. Assim que essa fatia do julgamento
for concluída, a Corte vai decidir se o ex-ministro José Dirceu, o
ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro da sigla Delúbio Soares são
culpados de corrupção ativa.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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