Um dos conselheiros não reconduzidos propôs advertência a Pimentel
Luiza Damé
BRASÍLIA A decisão da presidente Dilma Rousseff de não reconduzir os conselheiros
Fábio Coutinho e Marília Muricy, combinada com a renúncia do presidente da
Comissão de Ética Pública, Sepúlveda Pertence, atrasará ainda mais o julgamento
do processo contra o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, que se
arrasta desde janeiro. Com base em reportagens do GLOBO, publicadas em dezembro
de 2011, a comissão decidiu analisar a conduta do ministro, que prestou
consultorias à Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg),
entre 2009 e 2010, que lhe renderam R$ 2 milhões.
O processo era relatado por Coutinho que, na reunião de 11 de junho, propôs
a aplicação de advertência ao ministro. Ele considerou que seu comportamento
evidenciou conflito de interesses. A comissão decidiu, porém, pedir explicações
ao ministro em relação ao prazo de encerramento dos contratos de consultoria. A
suspeita era que os contratos não haviam sido formalmente encerrados antes de
Pimentel assumir o cargo de ministro, no dia 1º de janeiro de 2011.
Mas, desde junho, a comissão não tocou mais nesse processo. Ontem, o novo
conselheiro Mauro Menezes foi nomeado relator, substituindo Coutinho. A próxima
reunião do colegiado só acontecerá em 22 de outubro.
- O processo foi redistribuído. Agora, o conselheiro vai estudar o processo
e relatá-lo. Prossegue daqui para frente. O que foi decidido pela comissão está
decidido. Nenhum voto foi anulado - afirmou o presidente interino da comissão,
Américo Lacombe.
Na reunião de ontem, Lacombe sugeriu mais diligências em relação ao segundo
processo envolvendo Pimentel. A comissão decidiu pedir informações ao
empresário João Dória Júnior sobre o congresso em Roma, do qual Pimentel
participou em outubro. Para ir da Bulgária à Itália, Pimentel usou um avião
fornecido pelo empresário.
- Mandamos um ofício para esclarecer pontos da reunião da Itália: como foi,
quem participou. Vamos apurar para saber quem esteve presente no congresso, se
eram empresas brasileiras, italianas, se têm interesse no Brasil, interesse nas
decisões dele - disse.
Segundo Lacombe, não há prazo para Dória responder à comissão.
Fonte: O Globo
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