Governistas minimizam saída de Sepúlveda e defendem Dilma
Isabel Braga
BRASÍLIA A oposição classificou a renúncia de Sepúlveda Pertence à presidência
da Comissão de Ética Pública da Presidência como um sinal de perda de
independência e aparelhamento do órgão, encarregado de zelar pela boa conduta
na administração pública. Já os aliados do governo saíram em defesa da
presidente Dilma Rousseff, enfatizando que todos os conselheiros sempre tiveram
independência para atuar na comissão. Eles minimizaram a saída de Sepúlveda:
- Sepúlveda Pertence tem histórico de importante serviço prestado ao Brasil.
Sempre foi comprometido com a verdade e a ética. Acredito que ele tenha
percebido que o conselho não cumpre mais sua função de independência, isenção e
imparcialidade - disse o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE).
A oposição fez questão de destacar a insatisfação de Sepúlveda com a não
recondução, pela presidente, dos conselheiros Marília Muricy e Fábio Coutinho -
a primeira sugeriu a demissão do ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi, e
Coutinho propôs uma advertência ao ministro do Desenvolvimento, Fernando
Pimentel.
- Não é à toa que o ex-ministro Lupi, como presidente do PDT, veio agora
assinar o manifesto em defesa do presidente Lula, do PT e dos mensaleiros.
Tentam controlar um colegiado criado para analisar denúncias de conduta ilegal
dentro do Executivo. É um absurdo, e o ministro Sepúlveda, homem sério que é,
não tinha outra alternativa senão deixar o cargo para não compactuar com esse
desatino - criticou o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR).
Petista ironiza críticas
Presidente nacional do DEM, o senador José Agripino Maia (RN) também viu na
renúncia uma ação preventiva de Sepúlveda para evitar o risco de presidir um
órgão sem a credibilidade necessária para atuar:
- Sua saída significa a antifaxina e mostra que a faxina a que se propõe o
governo Dilma é a do queijo Minas, cheia de furos - disse Agripino.
Já o presidente da Câmara, dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), negou relação
entre a não recondução dos conselheiros e os votos deles:
- A presidente tem sob sua responsabilidade a condução do processo de
indicação dos integrantes e não há relação entre os votos que eles profeririam.
Estão forçando demais a barra querendo fazer essa ligação. O presidente
Sepúlveda tem experiência e conhecimento jurídico e político. Deve ter tomado a
decisão com base em suas tarefas na comissão. Não acredito que o faça eivado de
rancores.
Líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP) disse que Sepúlveda saiu porque
quis e ironizou as críticas à não recondução dos dois conselheiros:
- A indicação é da presidente Dilma. Quem quiser indicar, saia candidato e
se eleja. A presidente tem dado demonstrações de que indica pessoas com
capacidade e isenção para os cargos, e o povo confia nela - afirmou o líder do
PT.
Fonte: O Globo
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