O
revisor do processo do mensalão no STF, o ministro Ricardo Lewandowski, votou
pela condenação do deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP) pelos crimes de
corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Com seis
mandatos de deputado desde os anos 90 e presidente do extinto PL (hoje PR),
Valdemar é um dos principais articuladores do partido no Congresso.
Ministro
revisor condena Valdemar por três crimes
Lewandowski acompanha o relator na punição a deputado federal do PR
Ministro do STF afirma que parlamentar não foi capaz de comprovar o destino
de R$ 8,8 mi para votar pelo governo
Felipe Seligman, Flávio
Ferreira, Márcio Falcão, Nádia Guerlenda, Rubens Valente e Erich Decat
BRASÍLIA - O revisor do
processo do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Ricardo
Lewandowski, votou ontem pela condenação do deputado federal Valdemar Costa
Neto (PR-SP).
Seguiu, assim, o voto do relator do caso, Joaquim Barbosa, indicando que os
demais oito ministros deverão decidir de forma semelhante.
A votação deve recomeçar na sessão de amanhã.
Ocupando a secretaria nacional do PR e com seis mandatos de deputado desde
os anos 90, Valdemar é um dos principais articuladores do partido no Congresso.
A sigla ocupa, com 36 parlamentares, a quarta maior bancada de apoio ao
governo federal. Em São Paulo, está aliada a José Serra (PSDB) na disputa pela
prefeitura.
Nas eleições de 2002, Valdemar e o então candidato a vice-presidente, José
Alencar, foram os principais artífices da aliança do seu partido, então chamado
de PL, com o PT, que levou à vitória de Lula.
De acordo com a acusação, Valdemar era um dos líderes partidários que, entre
2003 e 2004, recebeu recursos para apoiar projetos de interesse do governo no
Congresso e foi "cooptado" pelo ex-ministro da Casa Civil José
Dirceu, ao receber R$ 8,88 milhões.
O parlamentar alegou no processo que usou os recursos para pagar dívidas
eleitorais. Segundo sua assessoria, "ele não comenta assuntos submetidos
ao Judiciário".
Lewandowski considerou que Valdemar não conseguiu comprovar o destino do
dinheiro e votou para condená-lo pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de
dinheiro e formação de quadrilha.
O revisor condenou por corrupção passiva outro deputado do extinto PL, Bispo
Rodrigues, um dos nomes da bancada da Igreja Universal.
PP
Lewandowski condenou o ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE), o ex-assessor do
PP, João Claudio Genu, e o dono da corretora Bônus-Banval, Enivaldo Quadrado,
por formação de quadrilha.
"Era um mecanismo permanentemente em funcionamento. Isso caracteriza a
quadrilha, e esses crimes eram praticados à medida da necessidade demonstrada
pelos parlamentares que se deixaram corromper", disse.
Mas o revisor absolveu quatro réus (Corrêa, Genu, o deputado Pedro Henry, e
outro sócio da corretora Bônus-Banval, Breno Fischberg) do crime de lavagem de
dinheiro. Nesse caso, Lewandowski condenou apenas Quadrado.
Ao saber que o revisor iria condenar Valdemar por lavagem, embora tivesse
absolvido dois políticos da mesma acusação, Joaquim Barbosa fez uma provocação
sobre a suposta falta de unidade no pensamento do revisor.
"Eu acho que o senhor Valdemar Costa Neto vai reclamar, e com razão.
Porque ora se aplica [um entendimento], mas, em relação a outros réus, não se
apoia", afirmou.
Em resposta, Lewandowski prometeu "seguir meditando sobre a
possibilidade" aventada pelo relator.
Fonte: Folha de S. Paulo
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