PT x PT
Em irônica investida contra adversários no partido, o prefeito João da Costa avalia que ausência de Lula mostra que o Recife deixou de ser uma prioridade da cúpula nacional
Em tom irônico, o prefeito João da Costa (PT) fez, ontem, uma observação que poucos petistas locais teriam coragem de defender publicamente. Para ele, a eleição do Recife deixou de ser uma prioridade para o PT nacional como era colocada antes do início da disputa, juntamente com capitais como São Paulo, Fortaleza e Belo Horizonte. A ausência de Lula na campanha de Humberto Costa (PT) – mesmo após vários anúncios feitos de que o ex-presidente viria à capital pernambucana – é um indicativo, segundo o prefeito, de que a cúpula partidária pode ter “mudado de opinião” a respeito do Recife. “Agora, parece que o foco estratégico do PT é vencer a eleição em São Paulo, para compensar a derrota em outras cidades”, afirmou Costa, em entrevista à Rádio JC/CBN.
Afastado da disputa pela reeleição por ordem da direção nacional petista – que anulou a prévia vencida por ele e indicou o nome de Humberto como candidato – João da Costa procurou usar de cautela ao analisar a questão do Recife no âmbito da estratégia partidária, mas terminou mostrando que as feridas ainda estão longe de cicatrizar. Segundo ele, tal avaliação não deve ser feita por ele, mas pelos dirigentes responsáveis pela coordenação nacional das eleições. “Quem deve falar sobre a desistência da prioridade no Recife é Rui Falcão (presidente nacional do PT), Rochinha (Francisco Rocha, dirigente nacional) e os outros que violentaram a democracia interna do PT e colocaram problemas para que eu fosse candidato à reeleição, mesmo tendo 34% nas pesquisas”, reagiu.
Questionado sobre a queda de braço com o PSB no Recife, que gerou um rompimento entre as duas legendas e o surgimento da candidatura do socialista Geraldo Julio, João da Costa atribuiu a culpa ao próprio PT, que governa a cidade há 12 anos. Segundo ele, as brigas internas no partido atraíram demais as atenções e abriram o flanco para o avanço dos ex-aliados. Ele voltou a apontar o ex-prefeito João Paulo – seu ex-padrinho político e hoje principal desafeto – como o principal responsável por esse cenário de ruptura.
João da Costa, porém, não acredita em um distanciamento definitivo entre petistas e socialistas. Para ele, trata-se de um racha localizado e que poderá ser reparado no futuro, graças à grande afinidade entre as duas siglas.
“Sou do setor do PT que acha um grande equívoco essa guerra. O PT e o PSB, juntos, formam a melhor aliança estratégica para continuar implementando as mudanças que estão sendo realizadas no Brasil. Mas isso não quer dizer que caiba sempre ao PT o papel de principal protagonista. Deve haver um equilíbrio”, concluiu.
FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)
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