BRASÍLIA - O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), anunciou que
terça-feira vai pedir ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que
abra uma investigação contra o ex-presidente Lula por suposto envolvimento com
o mensalão. O pedido terá como base informações de que Marcos Valério, operador
do mensalão, estaria disposto a fazer revelações contra Lula em troca de
benefícios da delação premiada.
O senador Álvaro Dias, líder do PSDB no Senado, disse que o partido endossa
a iniciativa de Freire, mas tem dúvidas sobre o melhor momento de acionar o
Ministério Público Federal. O presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN),
disse que aguardará manifestação do procurador-geral sobre acusações atribuídas
a Valério antes de formular o pedido de investigação.
Pedido previsto para terça-feira
Para o senador, é importante checar a consistência das denúncias para evitar
que um eventual pedido de abertura de inquérito contra Lula seja rejeitado e, a
partir daí, sirva como certidão de bons antecedentes para o ex-presidente. Na
quarta-feira, Freire e Álvaro Dias procuraram Maia e chegaram a acertar os
termos de uma nota conjunta em favor da investigação. Mas, ontem, depois de
conversas com colegas de partido, Maia e Dias mudaram de estratégia.
- Vamos pedir a investigação em função de todos esses problemas que estão
surgindo: são informações sobre o pedido de delação premiada de Marcos Valério,
as declarações no memorial do advogado dele sobre o Lula ser o chefe (do
mensalão). E tem a mulher do Dirceu (ex-ministro José Dirceu) dizendo que ele
estava escondendo o Lula - disse Freire.
Segundo ele, o PPS irá ao MPF contra Lula com ou sem o aval imediato do DEM.
Álvaro Dias disse que o pedido de investigação está acertado, só haveria
pendência sobre a melhor data para protocolar, se terça-feira ou em outro
momento. A princípio estava decidido que os partidos de oposição acionariam a
Procuradoria terça, mas, a pedido do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, a
legenda deixou a questão em aberto.
- Estabeleceu-se que seria feito o pedido na terça-feira. É provável que
aconteça na terça, mas ainda não está fechado - disse Dias.
O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), disse que o episódio é uma
tentativa de retomar a apuração quando o caso do mensalão já está sendo encerrado.
Segundo ele, é um "jus esperniandis" (direito de espernear) de
Valério.
- A expectativa de todos e da sociedade é que essa página do mensalão seja
virada com o julgamento do STF. Lamentável tentativa de querer retomar o
processo de investigação no momento do julgamento. Eu colocaria essas
afirmações, esse suposto novo depoimento, no que chamamos de "jus
esperniandis" - disse Maia.
Fonte: O Globo
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