Valério teria falado
após ter sido condenado a mais de 40 anos pelo Supremo. Ele teria dito que
sofreu ameaças de morte.
Para PT, oferta de
cooperação de Valério não merece crédito
Objetivo de empresário é se livrar da pena imposta pelo STF, dizem petistas
Jornal afirma que operador do mensalão citou Lula e Palocci em novo
depoimento ao Ministério Público
BRASÍLIA, SÃO PAULO - A cúpula do PT procurou ontem desqualificar o novo
depoimento que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, condenado pelo Supremo
Tribunal Federal por sua atuação como operador do mensalão, teria prestado à
Procuradoria-Geral da República sobre o esquema.
Saindo em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo principal
de um novo pedido de investigação de partidos de oposição, os petistas disseram
que Valério está tentando se livrar da pena imposta pelo STF e por isso não
merece credibilidade.
Ontem, o jornal "O Estado de S. Paulo" informou que Valério
prestou novo depoimento ao Ministério Público em setembro. Os detalhes são
mantidos em sigilo, mas, segundo o jornal, o empresário citou Lula e o
ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.
O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, disse duvidar que Valério
tenha algo a acrescentar ao que já foi dito no julgamento do mensalão e
ironizou o novo depoimento: "Se eu fosse condenado a 40 anos de prisão
também estaria me mexendo".
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, foi na mesma linha. "Não temos
nada a temer", afirmou, num intervalo da reunião que a Executiva Nacional do
partido fez ontem. "Tudo o que ele poderia ter falado falou no
processo."
Apontado como o operador do mensalão, Valério foi condenado pelo STF por
corrupção ativa, peculato, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e evasão
de divisas. Suas penas somam mais de 40 anos de prisão, mas ainda poderão ser
revistas pelo STF.
Segundo "O Estado de S. Paulo", o empresário mencionou no
depoimento outras remessas de recursos do mensalão ao exterior além das que
foram feitas para o publicitário Duda Mendonça, que trabalhou na campanha de
Lula em 2002 e foi absolvido.
De acordo com a reportagem, Valério também disse no depoimento que foi
ameaçado de morte e mencionou o assassinato do prefeito petista de Santo André,
Celso Daniel, morto em 2002.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou por meio de sua
assessoria de imprensa que não se pronunciará sobre o assunto. O advogado de
Marcos Valério, Marcelo Leonardo, disse não ter "nada a declarar".
Valério enviou em setembro um fax ao Supremo dizendo-se disposto a depor
novamente e pedindo proteção das autoridades, alegando que corre risco de vida.
Ministros do STF disseram à Folha que Valério quer entrar no programa
federal de proteção a testemunhas para garantir tratamento especial na cadeia
ou ser enviado a um lugar não identificado, evitando assim a prisão.
Ontem, o DEM e o PSDB recuaram da decisão de pedir ao Ministério Público
Federal a abertura de inquérito para apurar se Lula participou do esquema do
mensalão após serem informados do novo depoimento de Marcos Valério. O PPS
afirma que vai entrar com o pedido, mesmo sem o apoio do DEM e PSDB. "Isso
é problema deles, nós vamos protocolar a ação na terça-feira", disse o
presidente do PPS, Roberto Freire (SP).
O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), considerou
"lamentável" a tentativa de vincular Lula ao mensalão: "Depois
do julgamento, depois de todas as análises feitas, de todas as investigações
feitas, eu diria que não cabe mais nenhum tipo de ilação sobre esse tema".
O líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP), disse que Valério "é
uma pessoa desqualificada".
O PT decidiu adiar a publicação de um manifesto com críticas aos ministros
do STF para depois que forem definidas as penas dos 25 condenados. O julgamento
será retomado na quarta-feira.
Fonte: Folha de S. Paulo
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