Sigla afirma que, apesar do crescimento nas eleições, não pleiteia novos
ministérios. Movimento é visto como processo para se desligar do governo
Paulo de Tarso Lyra
O PSB nacional divulgou nota, no início da noite de ontem, dando sinais
claros de que não quer se envolver mais do que já está com o governo da
presidente Dilma Rousseff — o que, na avaliação de integrantes da base, denota
que o caminho para a independência ou mesmo o estreitamento de laços com a
oposição será questão de tempo. Depois de ter sido a legenda que mais cresceu
nas eleições municipais a ponto de ameaçar a hegemonia do PT na Região Nordeste
e em plena discussão sobre a reforma ministerial, os socialistas avisaram que
estão satisfeitos com as pastas que já têm.
“O Partido Socialista Brasileiro (PSB) repudia toda e qualquer informação de
que pleiteia cargos no governo federal. O partido não manifestou — e não
manifestará — qualquer intenção nesse sentido, porque o apoio ao governo Dilma
é desdobramento da aliança que vigorou nos dois mandatos de Lula, firmada desde
a campanha de 1989”, declarou a nota oficial do partido.
Em tom mais genérico, o partido lembra que “integra a base de sustentação do
governo Dilma e honra seu compromisso na luta por um Brasil melhor,
economicamente forte e socialmente mais justo. O cenário global é complexo e as
forças de esquerda devem estar unidas para enfrentar os desafios que se
apresentam”. E acrescenta que, em vez de pedir mais cargos na Esplanada — o
partido comanda o Ministério da Integração Nacional e a Secretaria dos Portos
—, prefere dar “prioridade às novas administrações que o povo nos confiou nesse
pleito”.
A oferta de mais ministérios para o PSB dividia os petistas. Alguns achavam que
isso daria muito cartaz ao governador de Pernambuco e presidente do PSB,
Eduardo Campos, um possível adversário de Dilma Rousseff na disputa
presidencial em 2014. Outros defendiam que seria melhor contemplar o aliado
histórico, para tornar mais difícil e constrangedor “um eventual desembarque da
coalizão presidencial daqui a dois anos”, como declarou um petista ao Correio.
Pelo menos por enquanto, contudo, não está nos planos de Dilma dar um novo
ministério para o PSB. Durante o governo de transição, ela pensou em oferecer
três pastas para o partido, mas o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) não
aceitou comandar o até hoje inexistente Ministério da Micro e Pequena Empresa.
No fim de 2011, mais uma tentativa de namoro. Dilma pensou em chamar o
ex-deputado Ciro Gomes — preterido pelo PSB na disputa presidencial de 2010 —
para a Esplanada. Ciro chegou a conversar, como mostrou o Correio, com o então
ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante. Mas Ciro queria uma pasta
mais robusta e, mais uma vez, a parceria não deu frutos.
Dilma avisou aos interlocutores que só falará de reforma ministerial depois das
eleições para as mesas diretoras da Câmara e do Senado, em fevereiro do ano que
vem.
Fonte: Correio Braziliense
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