BRASÍLIA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu à cúpula do PT
que adiasse a divulgação do manifesto do partido em defesa dos réus do
mensalão. O argumento usado por Lula foi o de que qualquer crítica mais dura,
nesse momento, poderia refletir nas decisões dos ministros do Supremo Tribunal
Federal, que ainda não fixaram as penas dos condenados.
Além do pedido de Lula, transmitido a dirigentes do PT pelos ex-ministros
Luiz Dulci e Paulo Vannuchi, não havia consenso na Executiva Nacional - reunida
ontem, em São Paulo - sobre a conveniência de lançar agora uma nota com
estocadas na direção do STF.
"Não temos de trazer uma pauta negativa para nós", afirmou o
secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR). "Mesmo com
todos os ataques que sofremos na campanha eleitoral, somos vencedores."
O plano é divulgar uma nota curta, mesmo assim em tom mais ameno, somente
depois que o STF estabelecer as penas para o ex-ministro da Casa Civil José
Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio Soares,
condenados por corrupção ativa e formação de quadrilha. Além deles, o deputado João
Paulo Cunha (PT-SP), ex-presidente da Câmara, foi condenado por corrupção
passiva, peculato e lavagem de dinheiro.
Escrita pelo presidente do PT, Rui Falcão, a primeira versão do manifesto
atacava a "politização" do julgamento do mensalão. O documento preliminar
sustentava, ainda, que "teses" construídas pelo STF na Ação Penal 470
abandonaram a cultura do direito penal como garantidor das liberdades
individuais. O texto também apontava a pressão da imprensa para influenciar no
resultado do julgamento.
O Estado apurou que Falcão mostrou a primeira versão a Dirceu, a Genoino e
aos líderes das correntes do PT. Começaram, então, a aparecer as divergências.
Genoino era o mais entusiasmado com a manifestação. Dirceu, no início,
também ficou satisfeito com a solidariedade e não viu problemas na divulgação
da nota, após as eleições. Mas foi convencido por seu advogado, José Luís
Oliveira Lima, de que não era prudente o ataque ao STF antes da fixação das
penas.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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