segunda-feira, 22 de julho de 2013

Dinheiro público - Abalo de Eike lança dúvidas sobre BNDES

Atuação do BNDES é questionada

Cadu Caldas

Crise enfrentada por Eike Batista lança dúvidas sobre prática do banco federal de conceder empréstimos a grandes empresas

Um dos empresários de maior sucesso no país até há pouco tempo, Eike Batista se tornou um fardo pesado de carregar não só para investidores como para o governo. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que nos últimos anos emprestou mais de R$ 10 bilhões para as empresas do magnata, corre o risco de não receber parte do dinheiro de volta, e enfrenta a desconfiança de ter beneficiado o Grupo EBX no financiamento de projetos.

Nos últimos cinco anos, o aumento expressivo na quantidade de empréstimos do banco tem sido alvo de críticas. Entre 2000 e 2012, o volume de desembolso avançou mais de 600%, com o BNDES assumindo papel cada vez mais central na expansão de multinacionais brasileiras e no apoio à política industrial do governo. Para o economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Mansueto Almeida, a falta de clareza dos critérios utilizados pelo banco ao escolher quem receberá crédito arranha a imagem da instituição:

– O banco público deve focar seus recursos em projetos de elevado retorno social, e não individual. Se o projeto é muito bom, mas traz benefício só para a empresa, o empréstimo deve vir de banco privado.

Pesquisa elaborada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) também aponta que o banco perdeu 38% do patrimônio líquido com quedas na bolsa e na política de distribuição de dividendos (a parcela do lucro que é distribuída aos acionistas).

Para o economista Gabriel Leal de Barros, autor do estudo, não faz sentido o banco pagar dividendos ao acionista controlador, o governo, se o Tesouro continua liberando empréstimos para o BNDES manter sua política de crédito. É como se o dinheiro circulasse para voltar às mesmas mãos.

Mas nem tudo são críticas. Cristina Reis, consultora do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), defende a política do BNDES, ressaltando que grande parte dos empréstimos foi para pequenas empresas.

– O crescimento do produto e da produtividade industrial são o motor do desenvolvimento econômico – diz.

Procurado por ZH, o BNDES informou que se manifesta apenas por meio de nota, segundo a qual o estudo da FGV faz leitura superficial de indicadores do banco, cuja estrutura de capital é sólida.

Fonte Zero Hora (RS)

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