Por Cristian Klein
SÃO PAULO - O ex-governador de São Paulo, José Serra, evitou comentar os resultados da pesquisa do Datafolha sobre a eleição presidencial, divulgada no fim de semana, e negou seu suposto envolvimento na formação de cartel em licitações do metrô e da CPTM durante governos do PSDB no Estado. "Meu nome não surgiu [em e-mails que constam da investigação]
. Foi exatamente para fazer o oposto. Nós fizemos uma luta anticartel para pagar R$ 200 milhões a menos", disse.
O tucano, ao fim de palestra na Associação Comercial de São Paulo (ACSP), também se esquivou de comentar a pesquisa do Datafolha, na qual apareceu com 14% e 15% das preferências em dois cenários para a disputa à Presidência da República no ano que vem.
Durante a exposição sobre o tema "Desenvolvimento do Brasil e seus principais problemas", o ex-governador fez várias críticas ao governo federal e, na curta sessão de perguntas da plateia formada por cerca de cem pessoas, apontou três hipóteses para 2014: a manutenção do status quo, a rejeição da política - numa referência à presidenciável Marina Silva (sem partido) - e uma escolha de "gente que saiba fazer". "Me identifico com esta terceira hipótese", disse, ressalvando, que a preferência seria como analista e não propriamente como um ator do jogo político.
A palestra de Serra, no entanto, indica que o ex-governador tem buscado apoio de possíveis aliados para a empreitada presidencial. A Associação Comercial de São Paulo é berço dos dois principais nomes do PSD, o ex-prefeito Gilberto Kassab e o ministro da Secretaria de Micro e Pequenas Empresas, Guilherme Afif Domingos. Ambos entraram na órbita do governo federal, mas ensaiaram um distanciamento depois da queda de popularidade da presidente Dilma Rousseff. O discurso de Serra, por outro lado, não despertou o entusiasmo de todos os diretores e conselheiros da ACSP. Pelo menos três deles cochilavam nos primeiros 15 minutos da apresentação.
Duas vez derrotado na corrida presidencial, em 2002 e 2010, José Serra começou a ter seu nome novamente cogitado para a disputa depois das manifestações de junho e da dificuldade de crescimento do senador mineiro, Aécio Neves, pré-candidato do PSDB, nas pesquisas de intenção de voto. Pelo Datafolha, Aécio caiu quatro pontos percentuais, de 17% para 13%, no cenário mais provável. Caso não encontre espaço para barrar a pré-candidatura de Aécio, uma das possibilidades seria o ex-governador mudar de legenda. A mais cotada é o PPS.
Além de se defender da participação no suposto cartel, a única resposta de Serra à imprensa foi sobre a autorização pela Justiça Federal para que o governo de São Paulo acesse documentos do Cade relativos ao caso. "Já que todo mundo tem, é bom que seja liberado para todo mundo mesmo", disse Serra.
Fonte: Valor Econômico
Nenhum comentário:
Postar um comentário